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Grupo Viver Melhor muda percepção de agressores

A maioria dos homens que pratica violência doméstica contra a mulher se considera vítima da situação e até acha que teve razão. Também é possível notar a dificuldade que eles têm para se reconhecerem como agressores. Estas são alguns das conclusões a que chegou o professor mestre João Paulo Feitosa. Coordenador do Grupo Viver Melhor, criado pelo Tribunal de Justiça de Sergipe, em parceria com a Faculdade Estácio Fase, Feitosa entende que, independente da punição, “o autor da violência doméstica precisa se transformar em um agente de mudança. Ele deve ser o primeiro a falar publicamente sobre as conseqüências negativas do seu ato”, explica.

Os primeiros resultados alcançados pelo Grupo Viver Melhor foram apresentados no Seminário “A Violência Doméstica Contra a Mulher”, promovido pela Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Sergipe. “Na primeira reunião, nenhum dos 17 participantes aceitava que seu ato foi violento. Todos disseram se sentirem injustiçados e alguns se achavam vítimas”, explica João Paulo Feitosa. O professor também percebeu que os agressores demonstraram muitas dúvidas em relação à Lei Maria da Penha, sobre o que ela prevê e os tipos de violência. Também confessaram a impressão que tinham de que ela protege muito a mulher e desfavorece o homem.

O Grupo Viver Melhor está conseguindo derrubar alguns mitos. “Muita gente pensa que só pratica violência doméstica contra a mulher desempregados, viciados em álcool e outras drogas. Não é isso: entre os 17 homens que participam do Grupo, 42% têm renda de até um salário mínimo, 11% ganham entre 4 e 8 salários, e 26% não declararam os rendimentos”, explica. Também observou-se que 48% agrediram as companheiras, 26% agiram violentamente contra tias, primas e avós, 16% as esposas, e 5% as filhas e irmãs.

E por que estes 17 homens integrantes do Grupo Viver Melhor agrediram as mulheres de seus vínculos familiares? As principais respostas foram: Viu alguém fazer; porque se sentiu ameaçado pela mulher; e perdeu a cabeça por conta do uso exagerado de álcool e outras drogas. “Alguns reconheceram que o motivo de seu ato foi por puro machismo, para subjugar a mulher”, afirma João Paulo Feitosa, que é coordenador do Curso de Psicologia da Faculdade Estácio/Fase.

Outra percepção

No último encontro do grupo, o professor voltou a perguntar se os 17 participantes ainda se consideravam vítimas da situação. Notou-se, então, uma nítida evolução na percepção desses autores. “Eles entenderam que o processo foi importante para reduzir a resistência que tinham em tratar sobre a questão. Concluímos que houve uma reestruturação na forma deles interagirem com o outro”, afirma. De acordo com João Paulo, os participantes do “Viver Melhor” conseguiram perceber que suas atitudes foram violentas, além de conseguirem se enxergar como agressores.

A juíza Adelaide Moura, coordenadora da Mulher do Tribunal de Justiça, entende que o “Viver Melhor” foi um passo importante na luta contra a violência doméstica. “Graças ao trabalho da Coordenadoria, no qual o Grupo está inserido, conseguimos, de forma mais madura e profissional, abranger o tema, envolver outras instituições e levar as discussões para além do Judiciário”, comemora. A magistrada explica que trabalhos como este têm o papel de transmitir para estes homens conhecimentos e valores que favoreçam a reflexão, promovendo a educação e a responsabilização deles e, principalmente, prevenindo a ocorrência de mais casos de violência doméstica contra a mulher.

Por Adiberto de Souza

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