Localizada em Nossa Senhora do Socorro, a Namastê produz hoje 10 mil caixas/ mês de 10 chás orgânicos, além de oito tipos de temperos. Embora admita que no Nordeste o consumo de gêneros orgânicos ainda é pequeno, a empresária Débora Silva, com especialização em agricultura biodinâmica, está otimista e projeta aumentar a linha de produtos oferecidos. Atualmente, toda a produção da empresa é comercializada em Aracaju, com destaque para o Empório Naturista.
Débora Silva começou a plantar ervas medicinais em 2001 na fazenda dela, localizada no Baixo São Francisco. A produção orgânica era vendida para empresas diversas com margens muito baixas de lucro. As ervas produzidas por agricultores familiares e sob a orientação dela eram misturadas com as de vários outros produtores – inclusive com as daqueles que usam agrotóxicos -, para que fossem processados, padronizados, armazenados e embalados para a venda nas grandes redes varejistas. A empresária lembra que essa mistura impedia o cliente de obter os benefícios dos produtos orgânicos.
A relação conflituosa com os varejistas levou a dona da Namastê a usar parte das ervas que colhia para produzir também chás, que eram vendidos a supermercados. . O problema foi que os varejistas adquiriam o produto da empresa sergipana por um valor quase igual ao dos chás não orgânicos, e o colocavam nas gôndulas por um preço bem maior, aproveitando o nincho dos gêneros orgânicos. Sem falar que, por ser de pequeno porte, a Namastê tinha uma exposição menos privilegiada nas lojas varejistas.
Essa concorrência desleal com os grandes produtores de chás, obrigou a empresária a suspender a produção de plantas medicinais, reduzir drasticamente o número de empregados e se instalar em Nossa Senhora Socorro para produzir chás e temperos orgânicos. Hoje, a empresa processa ervas compradas do Paraná e uma pequena quantidade produzida no sítio, onde se encontra fábrica capitaneada por Débora Silva.
A Namastê produz hoje chás de cidreira, hortelã, melissa, carqueja, camomila, erva doce, sonhar, refeição, ninar, chá verde, e maturidade feminina. O consumidor também pode adquirir temperos de alecrim, orégano, manjerona, manjericão, salvia folhas em testeira, tomilho, e erva de provence.
De acordo com dados da Euromonitor, o consumo de chá no país cresceu 16% desde 2009 e misturas exóticas de flores e frutas já vêm ocupando o lugar do tradicional hortelã ou da camomila. Porém, conforme ainda a pesquisa, o consumo brasileiro de pouco mais de oito xícaras por ano/pessoa coloca o Brasil na última posição entre os 52 paises pesquisados. Mercado à parte, os chás são uma das formas mais antigas de se tratar da saúde, pois suas propriedades medicinais foram a base para a maioria dos medicamentos existentes.
Por Adiberto de Souza