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Assessor discute com médico e renuncia no ar

UM debate na rádio Ilha/FM sobre a qualidade do serviço prestado pelo Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) acabou com a demissão do assessor de imprensa daquela unidade, jornalista Alberto Jorge. Desde a madrugada de hoje, o comunicador tentava desqualificar um desabafo feito pelo neurocirurgião Rilton Moraes. Pelas redes sociais, o médico narrou o drama de tentar salvar a vida de um garotinho: “Ao término da cirurgia, não havia vaga de UTI para aquele frágil paciente. Quase sempre falta. Até quando viveremos assim?”, indagou Rilton no facebook.

Durante a entrevista do médico na Ilha/FM, Alberto Jorge pediu para participar e passou a atacar o médico, chegando a chamá-lo de mentiroso e acusá-lo de usar os meios de comunicação para desgastar a imagem do hospital. Diante da forte reação dos ouvintes em favor de Rilton, o assessor retornou ao ar para, desta vez, comunicar que estava deixando o cargo naquele momento: “Rilton você venceu. Quero pedir desculpas ao secretário da Saúde, Zezinho Sobral, por não ter avisado ele com antecedência, mas estou deixando o cargo neste momento”, avisou.

Veja, a seguir, o desabafo postado pelo neurocirurgião no facebook:

“O SUS cruel

Acabo de chegar em casa. São nove e meia da noite. Passei toda a tarde e início da noite lutando para salvar uma jovem vida de apenas 1 ano de idade. Uma luta em desvantagem. Uma luta triste. Uma luta extenuante.

O lindo bebê teve o azar de romper uma artéria no cérebro. O pequeno paciente teve o azar de depender do Sistema Único de Saúde. O jovem cidadão teve o azar de viver num país de propagandas mentirosas.

Hoje pela manhã, estava brincando na enfermaria enquanto aguardava exames que já havíamos pedido há vários dias. Parou de brincar e entrou em coma. Apresentou uma hemorragia cerebral. Sua vida corria risco. Não havia tempo a perder. Precisava de cirurgia. Era sua única chance. Conseguimos uma sala cirúrgica e muito pouco mais.

Não havia os anti-sépticos para limparmos adequadamente a pele e evitarmos infecção. Não havia a manta térmica para que diminuíssemos o risco de complicações da anestesia geral. Não havia todos os instrumentais necessários para realização da cirurgia. As pinças para hemostasia elétrica não funcionavam e conter o sangramento era muito difícil. O microscópio não funcionava adequadamente e o esforço para conseguir enxergar os delicados vasos sanguíneos era hercúleo. Não havia os clipes vasculares para que interrompêssemos o sangramento.

Não havia os hemostáticos para ajudar na coagulação. Não havia os fios de sutura adequados para fechar o paciente.

Mesmo assim, fizemos todo o possível. Algumas vezes contendo o choro de raiva. Outras, a vontade de desistir. A hemorragia foi drenada. A fonte do sangramento foi contida. Fizemos o possível. Ao término da cirurgia, não havia vaga de UTI para aquele frágil paciente. Quase sempre falta. O tratamento é mais arriscado assim.

Agora, é torcer para que tudo dê certo. Até quando viveremos assim? Cansado. Sentindo-se para baixo”.

 

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