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Tartarugas protegidas

Soltura de filhotes de tartarugas monitorados pelo Projeto Tamar

Mobilizar as comunidades litorâneas onde ocorrem desova das tartarugas marinhas é uma das frentes prioritárias do trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar. Foi com esta estratégia que a entidade conseguiu reverter a tendência de redução das populações das cinco espécies de ocorrência no país. Embora ainda estejam todas ameaçadas de extinção, uma melhora do quadro já foi confirmada em pesquisas e está associada à transformação de hábitos humanos e à parceria com pescadores e outros profissionais.

Com atuação em 25 localidades da costa brasileira, inclusive Sergipe, o Projeto Tamar gera 1,8 mil oportunidades de trabalho, dos quais cerca de 700 são empregos diretos com carteira assinada. A maior parte desses contratados, são pessoas das próprias comunidades. Além de cumprirem suas tarefas no projeto, eles funcionam como educadores ambientais, pois espalham a mensagem entre os moradores. Quem continuou vivendo da pesca absorve os ensinamentos e muitos colaboram voluntariamente com o trabalho.

A oceanógrafa Neca Marcovaldi, coordenadora de pesquisa e conservação do Projeto Tamar e uma das fundadoras da iniciativa, cita o impacto econômico que a conservação produz nas comunidades. “Antes viam das tartarugas como possibilidade de subsistência. Hoje, passaram a vê-las como oportunidade de emprego e de desenvolvimento local”, explica.

Pé na areia

Antônio Vieira, mais de 30 anos colaborando com a preservação da espécie, conta que sua rotina de tartarugueiro é acordar por volta de 3h30 da manhã e percorrer sete quilômetros diariamente pelas praias em busca dos ninhos. Os ovos ficam enterrados na areia e para achá-los é preciso buscar os rastros deixados pelas tartarugas que já nasceram e de dirigiram ao mar. Considerado um dos mais eficazes neste mapeamento, Antônio não troca a atual profissão pela pesca. “O que eu faço hoje é muito melhor. A gente se emociona e emociona muitas pessoas”.

Após encontrar o ninho, se houver filhotinhos, alguns são recolhidos para identificação da espécie e posterior soltura. O número de ovos já quebrados também são contados. Se há ovos ainda fechados, é fixada uma estaca informativa. Graças ao trabalho de conscientização, isso já é suficiente para que a comunidade entenda a necessidade de preservar aquela área.

“O trabalho educativo é fundamental. Tem que estar na praia. Estão cada vez melhores as ferramentas de pesquisas, que nos ajudam muito, mas o pé na areia é insubstituível. Não adianta ficar só no escritório”, diz Neca. Segundo a oceanógrafa, uma diferença que fez o Tamar ser reconhecido internacionalmente foi ter dado atenção inicial à ação social envolvendo comunidades. A pesquisa científica ganhou mais relevância somente em um segundo momento.

Nas comunidades onde o Tamar atua, informações científicas sobre as tartarugas estão disseminadas entre a população. Sabe-se, por exemplo, que a fêmea desova de três a sete vezes em cada período reprodutivo. Em cada ninhada, ela coloca cerca de 120 ovos. O número parece alto, mas de cada mil tartarugas que nascem, apenas uma chega à fase madura, iniciada por volta dos 30 anos.

“O conhecimento é transformador. Comer ovos e carne de tartaruga fazia parte da subsistência. Meus avós falavam que não tinham muita opção. Tartaruga não era o principal prato, mas se fazia sopa com o animal, se comia a carne. Mas hoje se sabe que são 30 anos para chegar a fase adulta e depois de todo esse tempo ela só alimenta uma família em uma refeição. Acho que quando explicamos isso aos pescadores, começaram a ver com outros olhos”, diz seu Antônio.

Fonte e foto: Agência Brasil

 

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