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Renda irlandesa, é uma relíquia preservada em Sergipe

A renda Renda Irlandesa chegou a Sergipe no inicio do século XIX

A potencialidade de comercialização da renda irlandesa, de beleza ímpar, foi vista pela Prefeitura de Divina Pastora como boa oportunidade de gerar emprego e renda no município, que vive praticamente dos royalties pagos pela Petrobras. A empresa explora gás natural no Vale do Cotinguiba, onde a cidade se localiza.

Apoiada na vocação têxtil, a Prefeitura desenvolveu o projeto de criação da marca Roupas Divina, com a Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa. Além das rendeiras, costureiras e jovens receberam treinamento para transformar o município numa referência de moda que alia qualidade, beleza e exclusividade.

Além de gerar renda, a Prefeitura pretende, com esse projeto, reduzir a informalidade no setor de confecções. Segundo os técnicos envolvidos, esse é o maior obstáculo a ser superado para viabilizar e qualificar a mão-de-obra especializada em costura industrial. Os primeiros passos já foram dados. Organizadas desde 2000, as rendeiras já estão familiarizadas com o trabalho cooperado e a gestão de negócios.

Produtos para romeiros

Elas desenvolvem uma linha de produtos mais acessíveis aos romeiros, que vão, anualmente, ao município para a tradicional procissão da Divina Pastora. Também participam de eventos nacionais e têm produtos de alto valor agregado distribuídos em vários pontos do Brasil.

Outra iniciativa foi atrair a juventude do município para o projeto. A princípio, 32 jovens entre 15 e 25 anos, vinculados à paróquia, foram capacitados para produzir lembranças a serem vendidas durante a procissão. Lenços, bandanas, bonés e embalagens com materiais recicláveis são as principais peças a serem desenvolvidas com a marca.

Por fim, a Prefeitura buscou a participação de um grupo de costureiras socialmente mais vulnerável. Elas residem na periferia ou na área rural, têm baixa escolaridade e, em geral, sustentam as famílias sozinhas. Essa iniciativa resultou na capacitação de 100 costureiras, qualificadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Rede Sergipe de Design.

A criação da marca Roupas Divina exigiu a formação de parcerias para a adequação do produto e para evitar riscos ao empreendimento. Ainda foi formada uma comissão com representantes dos beneficiários diretos do projeto: rendeiras, jovens e costureiras de Divina Pastora. “A parceria da Prefeitura com as entidades foi de grande valia. Além de tirar as pessoas de atividades de subsistência e da informalidade, tem fortalecido a economia local”, revela a costureira associada, Vera Lúcia dos Santos.

Renda Irlandesa

Mais de uma centena de mulheres se dedica a fazer renda irlandesa, um dos mais belos e sofisticados produtos do artesanato sergipano. Aprender a fazer renda irlandesa é, para as mulheres de Divina Pastora, uma possibilidade que se coloca cedo em suas vidas. É quase um dado que se inscreve naturalmente em sua biografia. Nascem e crescem vendo parentes e vizinhas às voltas com a renda e são também incentivadas a aprender. E aprendem ainda com pouca idade.

A origem dessa renda europeia na região remonta ao século 19 com Ana Rolemberg, que havia aprendido a técnica de Violeta Sayão Dantas. Júlia Franco, que aprendeu com Ana, transmitiu-a a três mulheres: Marocas, Ercília e Sinhá, que foram responsáveis pela transmissão do conhecimento a gerações de artesãs. Hoje, há rendeiras por toda o municípios de Divina Pastora e é possível encontrá-las imersas no ofício em grupos ou sozinhas, na porta de casa ou nas praças.

 

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