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Morre Magnólia, a primeira travesti de Aracaju

Magnólia assumiu a homossexualidade aos 17 anos

Por Adiberto de Souza

Magnólia, a primeira travesti de Aracaju, morreu vítima de infecção generalizada provocada por problemas urinários. Ela estava internada no Hospital de Urgência Governador João Alves Filho e faleceu às 21h34 dessa segunda-feira (19). Magnólia tinha 74 anos e passou boa parte da vida vendendo cuecas e meias masculinas no centro da capital, particularmente nos mercados centrais. Morou um bom tempo em Santos (SP), onde se prostituiu e trabalhou como garçonete nos cabarés.

Magnólia dizia que sexo só com homens

Entrevistada em 2011 por por Wesley Pereira de Castro, Magnólia contou que começou a se prostituir aos 17 anos e não parou mais: “Aqui, é ruim de ganhar dinheiro. A gente roda, roda e não encontra nada. Em Santos eu era garçonete numa zona rica, me pintava igual a Elizabeth Taylor e os estudantes eram tudo atrás de mim. Eu fechava o trânsito”, recorda sorrindo. Magnólia confessou ser fanática pela atriz inglesa: “Eu amo aquela mulher, a mais linda do mundo, com aqueles olhos de violeta. Adoro cinema, principalmente os filmes de Elizabeth Taylor. Assisti ‘A Megera Domada’; ‘X, Y e Z’; ‘Vigília nas Sombras’; ‘Cleópatra’; ‘Gata em teto de Zinco Quente”.

Enquanto vendia um par de meias brancas a um rapaz com a camisa do Flamengo, Magnóloia conta que “quando eu tinha a idade desse jovem bonito – e aponta para o cliente – era linda, bela e loira. Novinha, não ligava para nada e, por isso, terminei sendo expulsa de casa. Hoje, moro sozinha. O que eu faço, ninguém vê! (…) Eu gosto de dormir no quarto sozinha. Ligo a televisão, o ventilador… Ainda vendo alguma coisinha, lavo roupa, passo ferro, tudo. Gosto de ler romances”, confessa.

Não gosta de mulher

Na entrevista, Magnólia também afirma que nunca contraiu AIDS, embora não usasse preservativo nas relações sexuais. “Ser travesti foi um destino em minha vida. Na cama, eu não gosto de mulher. Mulher, só amizade, sabe? Tenho tara em homens. Eu nasci assim mesmo. Deus sabe o que faz, né?”, questiona. Apesar dos pesares, ela disse, durante a entrevista prestada em 2011, que “a vida foi ótima” e encerra a conversa com um “fica com Deus, amigo!”. Descanse em paz, Magnólia!

Leia também Magnólia, a travesti que escrachou a burguesia de Aracaju

 

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8 Comments

  1. Daisy Monte disse:

    Pessoa isenta do mal, delicada e coerente.Independente no seu viver não precisava carregar bandeiras. Cresci vendo meu pai comprando meias a ela na Rua João Pessoa. Não aceitava que pagassem o seu lanche e dizia: “vivo do meu trabalho.” Assistia missas na porta da Igreja São Salvador. DEUS a receba na eternidade.

  2. Elisângela disse:

    Desde criança, já ouvia falar em Magnólia, é um ícone!
    Pessoa honesta, raiz.
    O único orgulho era de ser quem era, sem bandeira, sem orgulho gay.
    Vá em paz!

  3. Madalena Fontes disse:

    Magnólia que Deus ilumine a sua nova vida !!!!❤️

  4. Vai com Deus. Sua autenticidade e carinho com as pessoas serão a sua história.

  5. Francisco Alves de Oliva disse:

    Magnólia, pessoa simples e do bem, conquistou muitos admiradores e admiradoras em Aracaju, e sempre assumiu quem era, sem a menor vergonha, e preconceito. Ficará na memória do sergipano, como o homossexual vendedor de meias, e o folclórico personagem travestido de mulher! Vai em paz Magnólia, virar estrela no céu azul!

  6. Selma disse:

    Só lembro de você brincando e rindo com as pessoas. Que DEUS te receba de braços abertos Magnólia❤

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