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Grupo Viver Melhor muda percepção de agressores

Na primeira reunião em que participam nenhum dos agressores aceita que seu ato foi violento

A maioria dos homens que pratica violência doméstica contra a mulher se considera vítima da situação e até acha que teve razão. Também é possível notar a dificuldade que eles têm para se reconhecerem como agressores. Estas são alguns das conclusões a que chegou o professor mestre João Paulo Feitosa. Coordenador do Grupo Viver Melhor, criado pelo Tribunal de Justiça de Sergipe, em parceria com a Faculdade Estácio de Sergipe, Feitosa entende que, independente da punição, “o autor da violência doméstica precisa se transformar em um agente de mudança. Ele deve ser o primeiro a falar publicamente sobre as conseqüências negativas do seu ato”, explica.

Segundo João Paulo, na primeira reunião em que participam no grupo nenhum dos agressores aceitava que seu ato foi violento. “Todos disseram se sentirem injustiçados e alguns se achavam vítimas”, explica Feitosa. O professor também percebeu que os agressores demonstraram muitas dúvidas em relação à Lei Maria da Penha, sobre o que ela prevê e os tipos de violência. Também confessaram a impressão que tinham de que ela protege muito a mulher e desfavorece o homem.

O Grupo Viver Melhor está conseguindo derrubar alguns mitos. “Muita gente pensa que só pratica violência doméstica contra a mulher desempregados, viciados em álcool e outras drogas. Não é isso: entre os homens que participam do Grupo, 42% têm renda de até um salário mínimo, 11% ganham entre 4 e 8 salários, e 26% não declararam os rendimentos”, explica o professor. Também observou-se que 48% agrediram as companheiras, 26% agiram violentamente contra tias, primas e avós, 16% as esposas, e 5% as filhas e irmãs.

E por que os homens integrantes do Grupo Viver Melhor agrediram as mulheres de seus vínculos familiares? As principais respostas foram: Viu alguém fazer; porque se sentiu ameaçado pela mulher; e perdeu a cabeça por conta do uso exagerado de álcool e outras drogas. “Alguns reconheceram que o motivo de seu ato foi por puro machismo, para subjugar a mulher”, afirma João Paulo Feitosa, que é coordenador do Curso de Psicologia da Faculdade Estácio de Sergipe.

Outra percepção

Durante um encontro do grupo, o professor voltou a perguntar se os participantes ainda se consideravam vítimas da situação. Notou-se, então, uma nítida evolução na percepção desses autores. “Eles entenderam que o processo foi importante para reduzir a resistência que tinham em tratar sobre a questão. Concluímos que houve uma reestruturação na forma deles interagirem com o outro”, afirma. De acordo com João Paulo, os participantes do “Viver Melhor” conseguiram perceber que suas atitudes foram violentas, além de conseguirem se enxergar como agressores.

Ahttps://www.destaquenoticias.com.br/grupo-viver-melhor-muda-percepcao-de-agressores-2/ juíza Adelaide Moura, coordenadora da Mulher do Tribunal de Justiça, entende que o “Viver Melhor” foi um passo importante na luta contra a violência doméstica. “Graças ao trabalho da Coordenadoria, no qual o Grupo está inserido, conseguimos, de forma mais madura e profissional, abranger o tema, envolver outras instituições e levar as discussões para além do Judiciário”, comemora. A magistrada explica que trabalhos como este têm o papel de transmitir para estes homens conhecimentos e valores que favoreçam a reflexão, promovendo a educação e a responsabilização deles e, principalmente, prevenindo a ocorrência de mais casos de violência doméstica contra a mulher.

Por Adiberto de Souza

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