Governo lança campanha “Motociclista Vivo”

Sergipe é o estado com maior média de motociclistas mortos ou com sequelas por causa de acidentes de trânsito. São mais de 17,6 óbitos para cada 10 mil motos, número quase três vezes maior que a média do Brasil (6,6). Para chamar a atenção da sociedade, reduzir o índice de traumas e salvar vidas, o Governo do Estado, por meio de uma força tarefa envolvendo diferentes órgãos, lançou na manhã desta segunda-feira, 03, a Campanha Motociclista Vivo. A solenidade foi realizada no Colégio Estadual Vitória de Santa Maria, no bairro Santa Maria, zona sul da capital.

A ação é desenvolvida pelo Sistema Único de Saúde de Sergipe (SUS/Sergipe), Secretaria de Estado da Saúde, Departamento Estadual de Trânsito (Detran/SE), Secretaria de Estado da Educação, e tem como grande foco conscientizar especialmente os condutores de motocicleta, e principalmente de ciclomotores, sobre os riscos da imprudência, além de reforçar a importância de uma pilotagem segura.

Os acidentes e mortes no trânsito envolvendo motocicletas e motonetas ultrapassam o número de mortes pelo câncer e estão sendo considerados como a doença do século, matando mais que agressões por armas brancas e armas de fogo. De janeiro a junho de 2015, foram registradas no Huse 3.495 vítimas de acidentes motociclísticos. 40% dos traumatismos cranianos no hospital são em decorrência dos acidentes de moto. Além de todo o susto, transtorno e tristeza para os familiares e amigos, os acidentes custam caro para os cofres públicos.

O secretário de Estado da Saúde, José Sobral, informou que o Detran patrocinou a campanha, a Secretaria de Saúde mostrou os indicadores, as fotos, os médicos estão envolvidos no processo par conscientizar principalmente a população jovem, através das escolas para que eles sejam multiplicadores desta mensagem com seus amigos e familiares.

“Nós tivemos 3700 acidentes de janeiro a maio desde ano. Em Aracaju, o bairro onde existe o maior número de pacientes é o Santa Maria, então a maior quantidade de pessoas que sofreram estes acidentes vem daqui. Escolhemos a escola de nível médio porque o veículo ciclomotor, que são utilizados hoje para transporte na grande maioria de jovens, tem matado muitos deles, tem inabilitado outros tantos, tornados inaptos ou quando não sucumbem ficam em cima de uma cama o resto da vida. Estes casos trazem, além de uma despesa muito grande, uma perda maior para a sociedade, das vidas e da capacidade que aquele jovem teria de contribuir com o futuro do nosso país”, destaca.

Para o diretor-presidente do Detran/SE, Edgard da Motta, “o grande objetivo da campanha é preservar vidas. O trânsito é uma questão de cidadania que envolve pedestres, ciclistas, passageiros, motociclistas e condutores. Queremos mostrar a todos que o comportamento responsável e o cumprimento das leis de trânsito são fundamentais para a diminuição de acidentes. Esse também é o foco da Década Mundial de Ações para Segurança no Trânsito 2011-2020, proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas”, explica, lembrando que em setembro a Semana Nacional do Trânsito fará novo alerta aos cuidados que se deve ter com a segurança.

Educação

Não foi difícil encontrar na escola quem soubesse contar casos de motociclistas acidentados. A estudante Suyele Virgílio, 14 anos, é uma delas. “Conheço um amigo que caiu de moto, numa batida e fraturou a perna. Eu achei a campanha muito boa, porque aqui existem vários acidentes com carro e moto e eu diria a todos que tomem cuidado e para andar em baixa velocidade, porque hoje está muito arriscado”.

Deivid Santos Nascimento, do 9º ano, conhece uma vítima ainda mais próxima. “Meu pai. Um ônibus passou na frente dele e o derrubou, ele teve uma fratura na perna. Minha mãe, que é auxiliar de enfermagem, ajudou a cuidar dele, mas não é uma situação boa para ninguém. A campanha é boa para conscientizar alguns meninos da escola que andam de moto, aqui tem muitos. Eles precisam se precaver, cuidar da segurança, usar o capacete e respeitar as leis de trânsito”, alerta o estudante.

Para o secretário Jorge Carvalho, da Educação, a campanha é um soma de forças em prol da vida. “É um programa de Governo que une a secretaria da Saúde, o Detran, a Secretaria de Educação, esta que tem sua participação marcada na sua de rede de 354 escolas, tem capilaridade, chega aos 75 municípios de  Sergipe e quando participa de uma força tarefa mobilizada numa ação como esta, que é de respeito e preservação da vida, mobiliza também a escola”, informou.

Resgate

A cada minuto há um acidente com vítimas graves que potencialmente poderão evoluir para óbito. Essas vítimas são resgatadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) e encaminhadas ao Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), referência no Estado para atendimento de alta complexidade. O custo mínimo de uma saída de uma viatura do Samu é de R$ 3.500,00. Se for uma Unidade de Suporte Avançado (USA), o custo chega a R$ 5.500.

Dados estatísticos do Samu 192 Sergipe dão conta que as ocorrências envolvendo quedas de moto no Estado, registradas e atendidas pelas equipes assistenciais de suporte básico e avançado, totalizaram 1.751 no primeiro semestre de 2014. Já no mesmo período de 2015, a soma é de 1.774.

“Em fevereiro de 2015, o Samu registrou aumento de 3,4% no número de pacientes vítimas de acidentes motociclísticos, comparado ao mesmo período de 2014. Em abril, esse resultado chega a 10,4%. Em maio, o aumento foi de 22,5%, comparado ao mesmo mês de 2014”, explicou a superintendente do Samu 192 Sergipe, Conceição Mendonça. Conforme dados preliminares, a previsão linear para dezembro é de que 310 pacientes vítimas de acidentes motociclísticos atendidas pelo Samu em todo o território sergipano.  
Huse

No Huse, um paciente envolvido em acidente de moto, que seja submetido a uma cirurgia, por exemplo, fica, em média, 30 dias hospitalizado para sua recuperação. Isso representa um custo hospitalar aproximado de R$ 120.000,00. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o custo social de cada um desses pacientes é de, em média, R$ 952 mil aos cofres públicos, o que envolve atendimento pré-hospitalar, hospitalar, licença, aposentadoria, entre outros.

“Muitas dessas vítimas chegam ao Huse com sinais visíveis de embriaguez e, infelizmente, nos feriados prolongados e nos finais de semana, fatores como o excesso de velocidade aliados ao alcoolismo e à falta do uso de equipamentos de segurança obrigatórios, como o capacete, continuam provocando muitos acidentes com motos em Sergipe”, lembra o secretário de Estado da Saúde, José Sobral.

A Campanha Motociclista Vivo estará permanente nas escolas de forma educativa, mas ela será lançada também nos meios de comunicação, televisão, rádio, e mídia impressa. O CPtran, da Polícia Militar, também vai trabalhar fazendo blitz educativas e futuramente com blitz coercitivas. O líder comunitário do bairro Júlio César Nunes, disse considerar muito importante a campanha. “ Ações em favor da saúde, da educação, do esporte, cultura e lazer não pode parar, tem que ser periódicas. Tem que ser permanente”, opinou.

Presentes

Participaram da solenidade ainda o Coronel Paulo Paiva, relações públicas da PM/SE; o comandante da CPTran/SE Cap. Fábio Machado; a assessora especial do Governo, Eliane Aquino; o presidente da Fundação Hospitalar de Sergipe, Hans Lobo; a superintendente do Huse, Lícia Dinis; o diretor clínico do Huse, Marcos Krogger; e o vereador José Américo.