Quando se fala de bovinos, logo vêm à mente, carnes como filé mignon, picanha, alcatra, coxão mole, entre outras. Mas o aproveitamento do boi não se restringe ao mero consumo de carne. Um conhecido ditado afirma que do boi só não se aproveita o berro. Quanto engano. Do boi se utiliza tudo, até mesmo o berro. Sabia que o sebo bovino é a segunda matéria-prima na produção de biodiesel?
O sebo bovino hoje é visto como uma matéria estratégica na cadeia produtiva do biodiesel, com a participação atual entre 13% e 15% da produção global deste biocombustível no Brasil. Há uma perspectiva de crescimento no uso dessa matéria-prima pelo fato de o país possuir o maior rebanho bovino do mundo (cerca de 222 milhões de cabeças, segundo dados do Mapa). “Além disso, o sebo bovino e outras gorduras tem inserção no Selo Combustível Social, o que favorece pequenos produtores e agricultores familiares”, disse Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.
No aspecto técnico, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia afirmou que a institução tem expertise no assunto. Ele citou alguns dados técnicos que conferem vantagem ao sebo bovino para uso na produção de biocombustíveis, entre elas: maior estabilidade à oxidação (por conter em sua composição química 45% de cadeias saturadas), o que favorece a estocagem por tempo maior; maior número de cetanos, elemento que mede a qualidade da queima do biocombustível nos motores de ciclo diesel; e menor emissão de dióxidos nitrosos.
Impacto positivo
Sob o ponto de vista ambiental, Alonso resssaltou que o sebo bovino e demais gorduras animais são considerados resíduos no contexto da RenovaCalc (a calculadora do RenovaBio), o que tem impacto positivo sobre a Nota de Eficiência Energético-Ambiental. “Aos resíduos não são atribuídas emissões de gases do efeito estufa referente à sua geração, mas contabilizadas somente as emissões que ocorrem a partir do recolhimento desse resíduo, seu transporte até as unidades de processamento e etapas de produção do biocombustível”, explicou.
Ele também lembrou que a cadeia do sebo bovino emite menos frações de CO² do que a maioria das matérias-primas direcionadas à indústria de biodiesel. Como última vantagem ambiental, Alonso lembrou que o próprio uso do sebo bovino já é, em si, dar uma destinação nobre a um potencial resíduo ambiental.
Por fim, Alonso falou do aspecto político, mais especificamente da certificação de usinas dentro da política do Renovabio. Segundo ele, a cadeia de soja tem apresentado dificuldades para a elegibilidade dentro do programa, o que não ocorre com o sebo bovino. “O uso do sebo bovino tem viabilizado a entrada de mais usinas de biodiesel no contexto do RenovaBio”, concluiu.
Fonte: Embrapa (Foto: ABRA)