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Relatório da Comissão da Verdade está quase pronto

Milton Coelho foi o primeiro ex-preso político a ser ouvido pela Comissão

Em fase final de editoração e publicação na Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase), o Relatório final da Comissão Estadual da Verdade “Paulo Barbosa Araújo” deve ser tonado público no dia 20 de fevereiro próximo. Esta é a data do aniversário da fatídica “Operação Cajueiro”, desencadeada pelo Exército no começo de 1976, tendo prendido e torturado sergipanos nas dependências do 28º Batalhão de Caçadores, em Aracaju.

O Relatório contém cerca de 500 páginas com textos, imagens, tabelas e documentos oficiais, resultado de uma ampla pesquisa. São mais de 30 depoimentos de vítimas e testemunhas da violenta repressão militar ocorrida em Sergipe no período de 1946 a 1988, quando ocorreram flagrantes violações aos Direitos Humanos. Entre os depoentes na Comissão destacam-se o ex-governador Jackson Barreto (MDB) e os presos políticos Marcélio Bomfim, Wellington Mangueira e o petroleiro Milton Coelho, este último cego pelas torturas que sofreu no quartel do Exército, durante a “Operação Cajueiro”.

Criada em 2018 pelo governo de Sergipe, a Comissão Estadual da Verdade homenageia o militante e pesquisador das ações da Ditadura Militar no Estado,  Paulo Barbosa de Araújo, também preso pelo Exército naquele fevereiro de 1976. Ele era formado em Ciências Econômicas, foi professor de Economia da Universidade Federal de Sergipe, editor do extinto jornal aracajuano Gazeta de Sergipe e correspondente do Jornal do Brasil.

A Operação Cajueiro

A ditadura militar implantada a partir do golpe de março de 1964 atingiu o máximo da brutalidade em Sergipe com a Operação Cajueiro, assim cognominada pelo Exército. No dia 20 de fevereiro de 1976, uma força especial vinda da Bahia prendeu arbitrariamente 25 sergipanos, processando 18 deles. Os torturadores eram oriundos do temível DOI-CODI, do DOPS e da Polícia Federal e agiram em Aracaju sob as ordens do tenente-coronel Oscar Silva.

A acusação, que nem cabia a alguns deles, era de serem ligados ao proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB). A operação realizada a partir de uma tarde de 1976, véspera de Carnaval, obedecia na verdade a uma ordem nacional que era a de acabar com o Partidão, a exemplo das demais siglas clandestinas. O comandante do quartel, o coronel Osman de Melo e Silva, havia sido afastado pelo general Fiúza de Castro, um explícito defensor da tortura, que queria ver seus homens à vontade para “trabalhar”.

Texto: Destaquenoticias, com informações do blog História/UFS

 

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