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Parafusos, uma herança da escravidão

Dançantes usam cinco anáguas, distribuídas pelo corpo

O governo de Sergipe reconheceu o grupo lagartense “Os Parafusos” como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado. O ato foi oficializado por meio de lei publicada no Diário Oficial do Estado de Sergipe. A medida ocorre um ano depois de a Prefeitura de Lagarto ter reconhecido o grupo como um patrimônio de todos os lagartenses. Na época, o reconhecimento não mudou muita coisa. Uma vez que, para Maria Ione, presidente da Associação Folclórica de Lagarto (Asflag), Os Parafusos já eram um patrimônio todo o Sergipe.

Segundo o historiador e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Doutor Claudefranklin Monteiro publicou no blog História e Cultura de Lagarto, Os Parafusos tornaram-se nacionalmente conhecidos quando foram convidados para participar do Festival de Folclore de Olímpia, em 1980. “Não há quem não se contagie com as peripécias acrobáticas de seus brincantes, exclusivamente homens. Talvez porque no início eram homens negros e escravos que roubavam às vestes das sinhazinhas, para disfarçados fugirem dos capitães do mato”, escreveu Monteiro.

Só homens dançam

Parafusos é uma dança de conjunto cujos participantes executam coreografia de passos acelerados, fazendo grandes círculos e girando ao mesmo tempo em torno de si, com habilidade perfeita e precisa, cadenciada pelo som da batida de um zabumba. No município sergipano de Lagarto só os homens dançam. No final dos versos, fazem uma curta série de voltas, terminada por um staccato e batida forte de pé.

Segundo historiadores, durante o período de escravidão muitos escravos que fugiam das senzalas faziam quilombos no meio da mata tentando se refugiar dos feitores e capitães do mato. Durante o período de lua cheia, eles saiam para “roubar” comida dos engenhos.

Durante a volta para os quilombos eles pegavam as roupas das sinhazinhas que ficavam penduradas em varais. As indumentárias eram feitas de renda e com muito bordado, escolhidas pelas filhas dos senhores de engenho. Os escravos pegavam todas elas e começavam a colocar peça sobre peça, dessa forma até atingir sua cabeça. Com o corpo coberto de panos brancos, eles saiam pulando e fazendo voltas durante o luar. As pessoas que viam os escravos imaginavam serem assombrações e não tentavam recuperar suas coisas “roubadas”.

Ao todo, os dançantes usam cinco anáguas, distribuídas pelo corpo. Na cabeça, usam chapéus de ráfia branca, ornados com fita vermelha. São poucos os instrumentos musicais que acompanham o grupo: triângulo, acordeão e bumbo. Mas a empolgação fica por conta dos próprios integrantes que, com as suas vestes, criam um belo visual e, com as suas músicas e danças, repetem o ritual ancestral, dançando e cantando tudo que os seus reminiscentes criaram.

 

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