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Maconha, remédio ou veneno?

Por Antonio Samarone *

O fumo de Angola teve uso regular no Brasil, até meados do século XX. Os rituais da diamba e da jurema eram parte da medicina popular.

O uso da maconha foi combatido ferozmente por médicos e juristas. A luta era por sua criminalização. Os médicos apontavam os males do vício. A planta da felicidade passava a ser a erva do demônio.

Em Sergipe, três médicos se destacaram nesse combate:

1. Rodrigues Doria, governador de Sergipe, apresentou num Congresso médico em Nova York (1915), um ensaio sobre “Os fumadores de maconha, efeitos e males do vicio”.

2. Eleyson Cardoso, médico, irmão do governador Graco Cardoso, publicou dois textos dobre a maconha: “Comercio interestadual da maconha” e “Diambismo ou maconhismo como vicio assassino”.

3. Garcia Moreno, intelectual destacado na Província, psiquiatra e professor, publicou “Aspectos do maconhismo em Sergipe”.

São textos de fundo moralistas, eivados de preconceitos, cobrando um combate feroz contra o “vicio”. Com um detalhe: os três médicos sergipanos reconhecem, de uma certa forma, o uso terapêutico da maconha.

A psiquiatria defendia (ou ainda defende) o caráter patogênico da Cannabis, como desencadeadora das psicoses.

A grande virada.

A medicina, sobretudo a psiquiatria, passou a enxergar as vantagens terapêuticas da maconha. O canabidiol (CBD) tornou-se de uso medicinal frequente, com várias indicações. O THC (Tetra hidro canabidiol), que produz o espírito alucinógeno da planta, ainda é visto com restrições moralistas.

O fato é que a medicina reconheceu a maconha como remédio.

Remédio é qualquer substância ou recurso usado para combater dor, doença, transtorno, sofrimento e mazelas da vida.

Por que uso natural da planta ainda continua proibido? São os interesses da Indústria farmacêutica ou do crime organizado? A produção artesanal ainda é dificultada pela lei.

“Toda o remédio tem uma porção de veneno.” – Galeno

A Cannabis possui mais de 400 substâncias químicas em sua composição. O seu uso medicinal é antigo. A farmacopeia mesopotâmica continha vários narcóticos: Ópio, Mandrágora, Haxixe, Cannabis e Beladona.

Hipócrates prescrevia o Heléboro contra a mania e a melancolia.

Hoje, um curso de capacitação para médicos prescritores da Cannabis custa um pequena fortuna, e não chega para quem quer. Recebi o convite para fazer uma pós-graduação à distância, 520 horas, sobre a “Cannabis medicinal”.

Renasce a medicina canabinóide.

* É médico sanitarista

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