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Sepultado o poeta Wagner Ribeiro

Imortal da ASL, Wagner era chamado no mundo acadêmico de o poeta dos versos helênicos

Foi sepultado nesta terça-feira (3), no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju, o jurista e poeta Wagner da Silva Ribeiro, de 72 anos. Ele morreu ontem, vítima de câncer de fígado. Familiares, amigos, ex-alunos, e admiradores de sua poesia, estiveram no velório e acompanharam o sepultamento.

Formado em Direito, Wagner Ribeiro era professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe e da Justiça do Trabalho. Também lecionou na Universidade Tiradentes. Apesar da formação em Direito, ele se tornou conhecido mesmo pela excelente veia poética. Imortal da Academia Sergipana de Letras, Wagner era chamado no mundo acadêmico de o poeta dos versos helênicos.

Recentemente, o intelectual tinha publicado o livro “A Ninfa e o pastor”, sua quarta Coroa de Sonetos, que vem a ser uma composição poética constituída de 15 sonetos, sendo o 15º (soneto síntese) constituído pelo último verso de cada um dos 14 anteriores. Wagner era irmão, do medico e também intelectual Marcelo da Silva Ribeiro e do advogado Artur Ribeiro.

Sobre o poeta

Wagner da Silva Ribeiro é autor de uma poesia densa, bem elaborada, poematizando as matrizes gregas, que são, para a história humana, um repertório de símbolos, a desafiar o tempo e as conquistas da civilização. Desde os tempos de estudante que Wagner se aventurou no verso, com epigramas que atraíam a atenção dos colegas, nos corredores da Faculdade de Direito de Sergipe.

Filho do poeta José da Silva Ribeiro Filho e sobrinho de José Calasans, um dos maiores intelectuais de Sergipe do século XX, Wagner nunca surpreendeu por sua paixão pelas letras, seja criando ou divulgando poetas que a história cultural termina por deixá-los esquecidos.

O intelectual Wagner da Silva Ribeiro sempre demonstrou domínio da linguagem poética, valendo-se de um rico vocabulário que eleva a qualidade da língua portuguesa. Em certa medida, ele tinha parentesco literário com Santo Souza, o bruxo órfico, que viveu encastelado na sua sala de livros, como a desafiar os transeuntes com seu falar macio, repleto de armadilhas. Wagner Ribeiro, como Jackson da Silva Lima, difundiu o pensamento estético sergipano.

Os livros de Wagner têm forte mensagem crítica, embrumada nos versos e estrofes aparentemente lineares. Erra quem lê os seus poemas com os olhos na memória dos temas versejados. Há muito mais em cada palavra, verso, estrofe, poema, que exige uma exegese do universo mítico, aproximando-o da história, onde deixa de ser de deuses e potestades, lugares e animais fabulosos, para atender ao homem no seu caminho de vida, vagueante num mundo que não tem explicação em si mesmo.

A mitologia grega tem estreita relação com a tecnologia da atualidade, que gera comandos, intimiza o uso, mas não resguarda o saber emblemático das descobertas e avanços. Como tem, também, interface político, no embate dos fatos contrapostos as narrativas maravilhosas. Wagner Ribeiro aprofundou sua visão de intelectual e conseguiu revelar conhecimentos encobertos pela pátina do tempo.

Governador lamenta

O governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), lamentou o falecimento do jurista e poeta Wagner Ribeiro. JB destacou a sensibilidade da poesia de Ribeiro e sua contribuição para a cultura sergipana. “Wagner foi um homem de grande intelecto, um erudito que aprofundou a nossa poesia, colaborando enormemente para nossa cultura. Nosso mundo jurídico e nossas artes perdem muito com sua partida. Que Deus, em sua infinita grandeza, conforte familiares e amigos”, declarou Jackson.

Crédito/Instituto Marcelo Déda

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