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Carne suína produzida em Sergipe está apta para exportação

Suinocultura sergipana se profissionaliza, aderindo às tecnologias empregadas nas grandes granjas do Sul do país, como a inseminação artificial, matrizes de alta linhagem e o controle computadorizado da produção. Agora, internacionalmente certificados como área livre da Peste Suína Clássica (PSC), criadores do estado completam requisitos necessários para exportação e a tendência é de aumento na produção interna.

Conforme amplamente foi divulgado, Sergipe recebeu documento que o habilita exportar a carne suína com menos burocracia. A concessão do certificado foi realizada pela Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE) no mês passado, durante a 84ª Sessão Geral da OIE em Paris, França. Em território brasileiro, esta autenticação já era garantida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), desde 2006.

A Associação dos Suinocultores de Sergipe (Suin/SE) está sediada no município de Campo do Brito, onde se estabelecem cinco criadores. Ao todo são 12 membros, com granjeiros também em Macambira, São Domingos, Frei Paulo, Nossa Senhora das Dores, Gararu e Salgado. O presidente da entidade, José Evaristo Andrade Brito, comemora a conquista internacional para Sergipe.

“Essa certificação é importante porque é um degrau que a gente alcança, já é um entrave que conseguimos retirar. Então, no momento futuro, como temos uma produção boa de grãos e vai aumentando a cada dia, existe a possibilidade de ampliarmos a produção”, relatou José Evaristo. Ele analisa que existe potencial de aumento dos planteis e vêm surgindo meios para viabilizar o comércio internacional da carne de porco em Sergipe, já existindo um frigorífico apto ao abate comercial.

Novo frigorífico

“Está sendo construído outro frigorífico agora, que com certeza vai ter o SIF (Serviço de Inspeção Federal) e os produtos deles podem ser exportados, além de ser vendido dentro do país. Com toda essa estrutura montada e a produção crescendo, a gente pode acessar outros mercados”, avaliou o presidente da Suin/SE e produtor de Campo do Brito.

O secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), Esmeraldo Leal, considerou a conquista do certificado da OIE a etapa que faltava para a exportação da carne suína. “Somos um dos poucos estados do Nordeste que conquistou. Ė um certificado internacional, então isso tem um peso muito maior. E Sergipe acabou virando uma fronteira para os outros estados que são zonas protegidas. Uma grande barreira, fruto de um trabalho de algumas décadas da defesa da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe) e isso acaba valorizando muito o produto”, analisa.

Para o Secretário, o documento coloca o Estado no circuito produtivo nacional, com perspectiva no mercado internacional. “A gente acredita que fecha essa cadeia de exportação: bons produtos, boa genética, criadores que têm um bom trabalho, este ‘selo de qualidade’ e o mercado internacional querendo os nossos produtos, os Estados Unidos, por exemplo, já sinalizaram”, divulgou Esmeraldo Leal.

Criadores

A Suin/SE trabalha com métodos e tecnologias alinhadas ao que é feito nas grades zonas produtivas. O uso de matrizes reprodutoras da raça White Duroc, garante a qualidade de ganho de peso nas carcaças e precocidade, atingindo idade fértil aos sete meses de vida. Aos cinco, já têm peso para abate, em média com 110 quilos. Em geral, os criadores vendem o animal vivo ao frigorífico, atualmente cotado pelo valor de R$ 4,20 o quilo.

Na sede da Associação, há três machos da raça certificados como puros de origem, treinados para a monta em cavalete para retirada de esperma. Os animais, adquiridos por contrato de comodato, são mantidos pela venda de doses para os criadores em geral, mas os associados às adquirem por preços abaixo do custo, pois têm participação nos lucros da atividade do banco genético. Por não ser possível o armazenamento do sêmen em nitrogênio líquido, como feito com os bovinos, é necessária esta disponibilidade de matrizes próximo das granjas.

Informatização

Outra característica que destaca a Suin/SE é o fato da informatização de todo processo produtivo. Criador também de Campo do Brito, José Almeida mantém plantel de 900 cabeças. Da matéria prima que chega a sua fábrica de ração, à data de prenhes das fêmeas, tudo passa pelo computador. “Cada um tem um programa que é pago pelo período semestral. Faz o controle de natalidade, da ração. Todo que chega cadastra. Pariu cadastra, morreu, cadastra. Compra milho, soja ele acrescenta no estoque. O programa calcula todo custo do animal e faz toda gestão da granja”, relatou o suinocultor, que consome 11 mil quilos de ração por semana com seus animais.

Toda produção é separada por etapas. Há o galpão das fêmeas esperarem o cio e receber a inseminação, dois estágios de berçário, para onde vão os leitões até serem desmamados e então os pós-berçários. Findado, as pocilgas de engorda. Nessas etapas, há funcionários trabalhando de plantão de 24 horas, dando a atenção necessária aos recém-nascidos ou recolhendo todo excremento ainda seco. Ao evitar o uso intensivo da água na limpeza das baias, se mantém a qualidade do ambiente de vivência do animal, diminuindo a incidência de doenças trazidas pela umidade, mas também facilita o transporte do estrume, ensacado e vendido como adubo.

“É um unido grupo e assim eles reduzem bastante o custo. Foi assim logo no início para comprar os primeiros animais, eles faziam isso conjuntamente. Um reprodutor, que é muito caro no mercado, eles compram para vários sócios, da mesma forma a compra de ração, a compra de leitoas. Além de baratear o custo, eles se ajudam também na comercialização conjunta e isso potencializa a capacidade individual deles. É uma área exemplar em termos de produção, mas também em termos de organização e em tecnologia, sem dúvidas. Muita genética e muita tecnologia”, avaliou o secretário Esmeraldo Leal.

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