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Lei antifumo tem estimulado os jovens a usar o bom rapé

Muitos dos jovens que usam rapé herdaram o hábito de gerações anteriores

Parece uma situação saída de um romance de Aluísio de Azevedo ou Machado de Assis. Mas o local é a Europa do século 21. No meio de tantas restrições ao uso do cigarro em público, alguns jovens estão ressuscitando uma prática centenária: o uso do rapé.

O rapé é nada mais que folhas de tabaco moídas até virarem pó. Esse pó, marrom, é aspirado pelo nariz em pequenas quantidades. Recentemente, o site da revista Wired abordou o tema e entrevistou alguns novos usuários europeus e americanos. Eles dão dois motivos principais para o uso: é uma maneira alternativa de conseguir aquela sensação da nicotina sem incomodar os outros; o hábito, por ser restrito a poucos, tem um charme cult.

Mesmo assim, é difícil imaginar o rapé se popularizando do jeito como era no tempo de Machado de Assis, que dizia que “nariz sem rapé é alma sem amor”. Há 100 anos, carregar sua latinha para a ocasional cafungada era normalíssimo entre “cavalheiros” europeus e americanos (o uso é ainda mais antigo, sendo encontrado em tribos indígenas de várias partes do mundo). Agora imagine, nos dias de hoje, sair por aí cheirando um pó marrom. Periga você ganhar não só olhares tortos, mas até ser preso!

É de família

No Brasil, muitos dos jovens que usam rapé herdaram o hábito de gerações anteriores. Luiza Santos de Faria, professora de inglês em Belo Horizonte, diz que “a mania veio da minha mãe e do meu avô.” Ela afirma usar o produto raramente, mas que “o cheiro é muito gostoso. Cheiro um pouco para espirrar e liberar todos os males.” Victor Ferreira, 24, assistente comercial de Santo André, afirma que usa desde criança. “Meu pai, um matuto do interior, sempre usou e nos ensinou a usar.”

O comerciante Rafael Daher, 24, usa rapé diariamente, mas nunca em público. Ele fala como especialista: “Nos aromas mentolados gosto da sensação de refrescância, em outros mais agressivos, como o puro e cravo, gosto dos prolongados e sucessivos espirros.” Ele acredita que o uso do rapé não é tão incomum e “tem aumentado entre os jovens”.

E será que a proibição do cigarro nas baladas e bares pode fazer mais gente usar o rapé no Brasil também? Victor acredita que sim. “Não tem cheiro que incomoda os outros e muito menos faz mal aos passivos que estão ao nosso lado.”

Luiza não tem tanta certeza por achar os dois hábitos bem distintos: “Não acredito que tenha o mesmo efeito. Eu, por exemplo, já experimentei cigarro e detesto. A sensação que tive quando fumei não foi nem próxima da sensação que tenho ao usar o rapé. Pode até haver uma tentativa por parte dos fumantes, mas não creio que vá ser um sucesso.”

Nas tabacarias

Das tabacarias de São Paulo e do Rio só duas tinham o produto em estoque, sempre de fabricação brasileira, em latinhas. Nada das sofisticadas versões estrangeiras, com sabores, cheiros e cores variadas, como o Zuka inglês, com opções de odores como menta e frutas cítricas.

“Não tem público pra rapé aqui”, garantiu a vendedora Cristina Santos Jesus, da Tabacaria Ranieri, em São Paulo. “São sempre as mesmas pessoas que compram todo mês.”

“Quem compra é só aquela turma antiga, que vem do interior”, diz Isaac Almeida, proprietário da Tabacaria Africana, fundada no Rio de Janeiro em 1846. “Eles dizem que tem efeito terapêutico, que é bom para sinusite.”

Fonte: Uol (Crédito/naostabacaria.com.br)

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