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Ilha Grande e seus encantos

Ilha Grande é a única habitada

Estive na Ilha Grande, localizada em São Cristóvão, Sergipe. Ilha? Sim, uma ilha. Ou seja, apesar de toda a beleza da arquitetura secular localizada no centro histórico, a ex-capital possui ilhas, sendo a Ilha Grande a única que concentra um comunidade de moradores. Quase não achamos informações na internet sobre este recanto paradisíaco, única matéria disponível fala da implantação da energia elétrica em dezembro de 2009.

É possível chegar até a Ilha Grande seguindo o curso do Rio Paramopama que nasce na cidade a cerca de 17 KM, inclusive margeia o centro histórico. Afluente do Rio Vaza-Barris, o encontro dos rios acontece no povoado Pedreiras. O porto das Pedreiras tem referencias históricas importantes, infelizmente desconhecida dos moradores. Cito exemplos: 1) No período da invasão holandesa em Sergipe (1637/1645), ocorreu no Porto das Pedreiras o desembarque das tropas holandesas do Capitão Andreas (SILVA, 1925, p. 62). 2)

Aquele porto era único da antiga Capital que não dependia do movimento das marés para o desembarque dos produtos, era largo, profundo e seguro, fato destacado no âmbito das razões para mudar a capital em 1855 isto que ele se achava distante do centro histórico; por reunir as condições ideais de um porto é que nele foi instalado um trapiche da Companhia Lyod (FREIRE, 1902, p. 96), que empreendeu cabotagem no litoral nordestino até primeiras décadas do século XX. Hoje apenas um improvisado atracadouro de madeira feito pelos ribeirinhos indica o local do antigo porto.

Realizamos a travessia do atracadouro das Pedreiras a Ilha Grande em 10 minutos, numa embarcação motorizada. Quando o barco, deslizando o espelho d’água, permitiu descortinar os manguezais apareceu uma capela e as poucas moradias e casas de veraneio. No frontão do santuário o ano 1933 chama a atenção dos visitantes. Pequenos atracadouros foram construídos ao longo da chegada da Ilha, no mesmo local onde banhistas marcam presença diariamente, maioria crianças.

O banho de rio e sempre uma brincadeira que leva todos a infância. E sobre isso a reflexão é demorada porque os moradores da Ilha Grande não se preocupam com as crianças brincando na água. O ritual começa nos primeiros banhos, quando os genitores e/ou tios ensinam a criança a boiar e a nadar. Daí em diante, os banhos são diários e pode se repetir por vezes durante um mesmo dia sem troca da roupa que seca/molha alternadamente no contato direto com a pele. Fato, quem se preocupa com as crianças dentro d’água são os visitantes…

Encontrei um banhista fugindo a esta regra, Hélio dos Santos, aposentado, 69 anos. Ele passou sua infância e juventude na Ilha Grande, ali estavam suas lembranças, amigos e parentes. Mesmo que morando em Fortaleza/CE, há 35 anos, anualmente ele retorna ao lugar, banha-se, visita a capela inspiradora de poesias e serestas. Na ilha ele é o menestrel que anima as noites enluaradas com seus versos dedilhados na viola, coro e palmas dos companheiros(as).

Pertinente lembrar que a vida é ribeirinha. O rio é a maior parte da paisagem e também da vida dos habitantes da Ilha Grande. Na infância, nadar é uma brincadeira que pode ser mesclada com pega-pega, esconde-esconde, etc. Mas outra lúdica observada a beira do rio é a brincadeira de barquinhos. Estes são construídos pelos jovens e seguem os mesmos princípios da arte naval dos barcos maiores, razão pela qual os ventos que rufam em seus panos não fazem naufragar. Detalhe, a corrida de canoas acontece em duas modalidades (adulto, infantil), em momentos distintos do calendário.

Texto e foto de Thiago Fragara (Historiador e poeta)

 

 

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