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Gustinho cassado pelo TRE

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O deputado estadual Gustinho Ribeiro (PSD) acaba de ter o mandato cassado pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral. Os sete magistrados acataram o relator do juiz relator Fernando Escrivani Stefaniu, que defendeu a punição máxima para o parlamentar lagartense. Gustinho é acusado de ter se beneficiado com as verbas de subvenção distribuídas pela Assembléia em 2014, ano eleitoral. Além da cassação, ele foi condenado a pagar uma multa de R$ 106.410,00 mil, e teve os direitos políticos suspensos por oito anos.

Nas investigações que fez sobre a distribuição das verbas pelo deputado, o Ministério Público Estadual analisou a relação de Gustinho com quatro associações, Associação Beneficente Sócio-Cultural Maria Acácia Ribeiro, a Associação Comunitária e Produtiva Áurea Ribeiro, a Associação dos Amigos do Conjunto Siri (Nossa Senhora do Socorro) e a  Associação da Comunidade Evangélica de Barra dos Coqueiros, que juntas receberam R$ 978 mil do R$ 1,5 milhão que o parlamentar tinha disponível.

Maria Acácia Ribeiro

A Associação Beneficente Sócio-Cultural Maria Acácia Ribeiro recebeu o R$ 320 mil de verbas da subvenção da Alese em 2014, sendo R$ 300 mil de indicação do deputado Gustinho Ribeiro e R$ 20 mil de Luiz Mitidieri.

A entidade, ligada à família de Gustinho Ribeiro, não tem atividades regulares além de um forró semanal para os idosos, de acordo com depoimento de uma funcionária. Na movimentação bancária da associação, foram constatados dois pagamentos de maior volume: R$ 58,8 mil à empresa de publicidade Portal Badalando e R$ 83,8 mil à empresa de construção civil TT Service.

Em depoimento, o responsável pela TT Service, Yolando Vieria de Melho Neto alegou ter realizado uma reforma na sede da entidade, mas não foi capaz de apresentar projeto ou registro no Conselho Regional de Engenharia, e não provou a efetiva realização da obra.

Já Deivid Gonçalves Lima, responsável pelo Portal Badalando, informou que recebeu o pagamento para realizar uma festa junina para a associação. A comemoração, realizada em praça pública, “parou a cidade” e contou com presença de membros do PSD, inclusive Gustinho Ribeiro, de acordo com Deivid Lima. Apesar de existir autorização da Prefeitura de Aracaju para realizar a festa, Lima não conseguiu comprovar nenhum gasto no evento, por ter, segundo ele, perdido os recibos dos prestadores de serviço em um furto.

De acordo com a PRE, “tais alegações certamente colocam em dúvida o custo efetivo da citada festa, pois Lima confessou nunca ter realizado qualquer evento semelhante com recursos públicos antes dessa”.

Áurea Ribeiro

A Associação Comunitária e Produtiva Áurea Ribeira, que leva o nome da mãe do deputado, localizada em Lagarto, recebeu R$ 100 mil em verbas de subvenção em 2014, destinadas por Gustinho Ribeiro.

A operação da entidade é tão duvidosa, que já havia sido registrada no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), do Ministério da Fazenda, como realizadora de movimentações financeiras atípicas. Em seguida, após investigação e ação do Ministério Público do Estado de Sergipe, a Justiça Estadual determinou a dissolução da entidade.

Com a ação do MP de Sergipe, a entidade aplicou apenas parte dos recursos destinados por Gustinho Ribeiro em suas atividades, R$ 16,3 mil. Ainda assim, Polyana de Souza Ribeiro, irmã do deputado e ligada à direção da associação, fez doação de R$ 3 mil à campanha do irmão, o que, para a PRE, “ratifica a promiscuidade na indicação das verbas de subvenção efetivada pelo parlamentar”.

Amacos

No caso da Associação dos Amigos do Conjunto Siri (Nossa Senhora do Socorro), o responsável pela associação, Magner Clark, confrontado com as provas, confirmou, em depoimento, que a associação era uma entidade fictícia, que não presta qualquer serviço e existia apenas para receber recursos da Assembleia.

Em 2014, a Amacos foi beneficiada por verbas de subvenção indicadas por dois deputados: Augusto Bezerra (R$ 50 mil) e Gustinho Ribeiro (R$ 450 mil).

Clark é assessor parlamentar do Legislativo estadual e ex-presidente da Amacos, mas continuou trabalhando junto à direção da associação para receber e desviar recursos da Assembleia. A tesoureira da entidade, Ana Paula Alencar, natural de Lagarto, era servidora do gabinete de Gustinho Ribeiro no Palamento. O desvio era operacionalizado com a compra e venda de notas fiscais frias para maquiar o real destino dos recursos.

Com os extratos bancários e os cheques emitidos pela associação, foi confirmada a operação de um verdadeiro esquema criado exclusivamente para desfalcar os cofres públicos, com a participação decisiva do presidente da associação, Manoel Marques Santos Barbosa, de sua tesoureira Ana Paula Alencar, do ex-presidente Magner Clark Menezes De Andrade, e dos “vendedores de notas fiscais”, Jacson Emílio Lima dos Santos, Geraldo Joaquim dos Reis Filho e Luis Vinicius Passos Soares.

Comunidade Evangélica

A Associação da Comunidade Evangélica de Barra dos Coqueiros recebeu R$ 178 mil em verbas de subvenção, através dos deputados Capitão Samuel (R$ 100 mil) e Gustinho Ribeiro (R$ 78 mil). Em 2013, o presidente da entidade, José Carlos de Jesus,  foi assessor parlamentar Capitão Samuel.

Em depoimento, José Carlos de Jesus reconheceu que a entidade não te sede nem atividades fixas. Além disso, não conseguiu comprovar nenhum gasto que ele declarou pela entidade, como transporte de pessoas e aluguel de carros. José Carlos, realizava toda movimentação financeira da entidade através de saques de cheques na boca do caixa, na clara intenção de dificultar o rastreamento dos recursos.

Para a PRE/SE, o deputado contribuiu diretamente para que o dinheiro público fosse desviado, ao enviar verbas para entidades de fachada e para entidades administradas por sua família e diretamente ligada a seus interesses eleitorais.

Os indícios mostram a prática de crimes de peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, além de improbidade administrativa e ilícitos eleitorais, como distribuição irregular de verbas e atividades assistencialistas. A gravidade dos fatos, no entendimento do Ministério Público, impõem a aplicação de todas as sanções previstas na legislação, inclusive a cassação do diploma.

Com informações do MPE (Crédito/Alese)

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