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Ciência perde pioneiro na pesquisa da maconha

Elisaldo Carlini foi pioneiro na pesquisa sobre a maconha medicinal

Marcos Cardoso*

Cientistas e políticos lamentaram a morte do pesquisador Elisaldo Carlini, médico, fundador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Escola Paulista de Medicina e pioneiro da pesquisa sobre a maconha medicinal no Brasil. O professor morreu aos 90 anos de idade na quarta-feira (16).

Orientador de diversos programas de pós-graduação, ele formou gerações de pesquisadores e cientistas. “É com muita tristeza que recebi a notícia do falecimento do grande pesquisador professor Carlini. Considero meu avô científico pela referência que foi no LTF-UFPB durante meu PIBIC, mestrado e doutorado. O professor Carlini foi um dos principais pesquisadores brasileiros que desmistificou o uso da maconha e trouxe para a realidade o que ela sempre foi. Carlini foi um pesquisador dos exemplos!”, lamentou o professor Lucindo Quintans, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, também estudioso da farmacologia.

Ele chegou a ser acusado em função de sua pesquisa sobre drogas medicinais à base de cannabis sativa, mas suas descobertas foram tão importantes que o especialista em psicofarmacologia chegou a ser 12 mil vezes citado em artigos internacionais e recebeu grandes prêmios, como as duas condecorações entregues no Palácio do Planalto pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Carlini também foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU). E teve mandatos como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Ele era um dos mais respeitados pesquisadores sobre os efeitos positivos da cannabis medicinal. Ali na Paróquia da Igreja de São Francisco, em Ermelino Matarazzo, SP., em cooperação com o Padre Ticão, mais de dez mil alunos fizeram o curso sobre a Cannabis Medicinal. Doutor Honoris Causa por inúmeras universidades no Brasil e no exterior, Elisaldo Carlini foi um cientista e médico que tanto honrou a nós brasileiros. Contribuiu para a apresentação do Projeto de Lei 399/2015, que permite pesquisa, produção nacional e experimentação de medicamentos com a Cannabis medicinal”, afirmou o ex-senador e hoje vereador Eduardo Suplicy (PT). Um abaixo-assinado que solicita que a Lei tenha o nome de Lei Elisaldo Carlini.

A direção do CEBRID publicou uma nota de pesar, na qual afirma que o professor Carlini deixa um legado de mais de 50 anos dedicados ao estudo de drogas psicotrópicas no Brasil. “Em especial, seus trabalhos sobre a maconha medicinal colocaram o CBD [canabidiol] no foco da ciência brasileira e do mundo para o tratamento de convulsões, epilepsia, esclerose múltipla e dor crônica. A memória do professor, hoje símbolo da pesquisa canábica no Brasil, permanecerá viva e sua herança científica norteando nossa ciência brasileira. Infelizmente não há como dimensionar a quantidade de pessoas ajudadas por seus esforços; não só como pesquisador, mas também como amigo”, diz a nota.

*Com informações da Revista Pesquisa Fapesp, UOL, Veja e Facebook.

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