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A população pré-histórica de Xingó (SE-AL): breve notícia

O museu foi fundado e é mantido pela UFS

Professor doutor Francisco José Alves

fjalves@infonet.com.br (Departamento de História UFS)

A cerca 200 km de Aracaju, no município de Canindé de São Francisco, fica o Museu de Arqueologia de Xingó (MAX). O museu, fundado e mantido pela UFS, abriga achados arqueológicos procedentes da população pré-históricas que habitava o baixo São Francisco.

O que os estudiosos têm apurado sobre esses longínquos ancestrais dos atuais sergipanos? Façamosuma breve notícia sobre eles.

Os homens pré-históricos de Xingó viveram há aproximadamente 9000 anos antes de nós. Esta época corresponde ao período mesolítico europeu (10.000 A.C a 5.000 A.C)

Na região do Xingó e adjacências, eles habitavam em sítios localizados nos atuais municípios de Canindé de São Francisco-SE, Piranhas-AL, Paulo Afonso-BA e Olho D’Agua do Casado- AL.

Conforme os estudiosos, provavelmente,eleschegaram ao baixo São Francisco procedentes do planalto goiano, das cabeceiras do rio São Francisco e do Sudoeste da Bahia. São oriundos, provavelmente, de uma cultura arqueológica ainda não conhecida.

Eram, fundamentalmente, caçadores e coletores e habitavam terraços aluviais e cavernas próximos ao rio São Francisco. A época, a vegetação da regiãoera formada pela mata ciliar e pela caatinga.

Não era larga a expectativa de vida dessa população. Conforme os arqueólogos, seus membros viviamaproximadamente de 30 a 40 anos. Alimentavam-se basicamentede peixes e moluscos. Também coletavam frutos, caçavam mamíferos, como tatu; répteis, como os lagartos; e aves, como a coruja.

Na fabricação de seus utensílios, a população pré-histórica de Xingóutilizavamatérias-primas como argila, pedras, conchas e ossos. Com a argila fabricava vasos cerâmicos para fins diversos, como cozer e guardar alimentos, além de inumar cadáveres; com as pedras produzia machados e lanças; e com a madeira fazia fogueiras para se aquecere cozer os alimentos.

Essa população também conheceu a violência. Marcas deixadas nos esqueletos remanescentes atestam sinais evidentes de agressão física imposta por outrem.

Por outro lado, os indivíduos pré-históricos de Xingó deixaram registradosem seus abrigos expressões da sua arte, constituída, em grande medida, por grafismos de figuras isoladas, pintadas com tinta vermelha. Os objetos retratados são a lua, o sol, mãos humanas e alguns animais. As pinturas eram feitas com pincéis ou diretamente com as mãos.

Também cuidavam de seus mortosenterrando-os em covas individuais ou coletivas. Dentre os restos mortais encontrados há sinais de diferenciação. Isto fica indiciado pelos complementos funéreos depositados junto a cada morto, isto é, vasos cerâmicos, colares eartefatos de ossos. Os cadáveres geralmente eram sepultados em decúbito lateral (de lado) e com as pernas flexionadas.

Findava, assim, a breve existência de um homem pré-histórico do Xingó.

OBRAS UTILIZADAS:

SANTOS, Fabrícia de Oliveira; NUNES, Verônica Maria Meneses. Entre estradas e veredas: O centro de documentação e pesquisa do baixo São Francisco e a tradução de uma vivência no sertão do São Francisco. Canindé, Revista do Museu Arqueológico de Xingó, São Cristovão , n° 4, p.178-180, 2004.

SANTOS, José Osman; MUNITA, Casimiro Sepúlveda. Estudos Arqueométricos de Sítios Arqueológicos do Baixo São Francisco. São Cristóvão: MAX, 2007.

AB’ SÁBER, Aziz Nacib. O homem dos terraços de Xingó. Cadernos do MAX, São Cristóvão, nº 6, 1997.

VIEIRA JUNIOR, Almir Souza; PALMEIRA, José Arnaldo Vasconcelos. Grupos Pré-históricos de Xingó Um estudo Cranioscópico e Craniométrico. São Cristóvão: MAX, 2006.

OLIVEIRA, Cláudia Alves. Grupos Pré-históricos do sítio Jerimum Região de Xingó. Canindé do São Francisco. Aracaju: MAX, 2005.

CARVALHO, Fernando Lins de. A Pré-História Sergipana. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe,2003.

OLIVEIRA, Cláudia Alves. Grupos Pré-históricos do sítio Jerimum Região de Xingó – Canindé do São Francisco. São Cristóvão: MAX, 2005.

VERGNE, Cleonice. Os rituais funerários dos cemitérios. D e C – sítio Justino, Canindé de São Francisco, área arqueológica de Xingó-SE. Canindé, Revista do Museu Arqueológico de Xingó, Canindé de, 2005 N° 5, p.15-40.

VERGNE, Cleonice. Complexidade social e ritualidade funerária em Xingó: apontamentos teóricos para compreensão das práticas mortuárias do sítio Justino, Canindé de São Francisco-SE. Canindé: Revista do Museu Arqueológico de Xingó, Canindé de São Francisco, N° 9, p.38-42, 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Salvamento Arqueológico de Xingó: Relatório final. Universidade Federal de Sergipe. São Cristovão: MAX, 1998. P. 187.

(Foto: Portal TripAdvisor)

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