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Marcelo Rocha *

a montanha pariu um rato

Olhando as coisas como estão acontecendo hoje no país – e como ocorrem há décadas – a afirmação de Wilhelm Reich, de que sua obra sobre o fascismo resistiria ao tempo nunca foi tão verdadeira. Se ele sugerisse os números da mega sena da virada, seria um ricaço!

Poderia usar um exemplo próximo, de um amigo que já foi xingado de “comunista” e de “comunista fuleiro”. Mas é possível ilustrar com o título do livro recente publicado de Leonardo Sakamoto “O que aprendi sendo xingado na internet”.

Sakamoto é um profissional acima de qualquer suspeitas, pois além de capacitado, não é dissimulado, tem um lado e não o nega.  No mais, nesse Brasil em que ninguém lê e que a base da comunicação são carinhas (emojis, no dialeto cosmopolita) e “kkkkkk”, manter um blog opinativo bem fundamentado e escrever um livro, já o coloca em posição culturalmente diferenciada. Conceitualmente deveria ser apenas o básico…

Na sequência, devemos saber que o nazismo foi um filho amado do fascismo, ambos adeptos do ódio às eleições livres (defendendo a tomada de poder pela força e contra o estado de direito) e liberdade de expressão, anticomunistas/socialistas na medida em que pregavam a supremacia de uma elite que deveria dominar a todos os demais, por isso, contrários à idéia de igualdade social.  Por fim, entendiam que o debate de idéias era puro sinal de fraqueza.

Pois bem, criou-se no país uma confusão “ideológica” com auxílio da desinformação fomentada por quem tem obrigação de informar, na qual quem não aceita religiosamente o massacre parcial da lava a jato, que só atinge um partido.

(Sim a lava jato, apesar de necessária, demonstra sinais de parcialidade, basta conhecer a principiologia jurídico-constitucional, para os bem (DES)informados, o partido mais envolvido na lava a jato é o PP, assim como todas as delações que não envolvam o PT  nunca são homologadas e em nenhuma das delações homologadas se investiga qualquer coisa contra Aécio Neves, por exemplo).

Fatos juridicamente questionáveis como a criação de um processo penal paralelo ao Decreto Lei 3.689, materializado através da “prisão em flagrante” preventiva por decreto e o “decreto de condução coercitiva sem recusa de comparecimento”, servem (ou deveriam servir) de alerta à comunidade jurídica, toda ela.

Para os bem (DES)informados, qualquer tipo de posicionamento que não concorde sem ressalvas com este estado de coisas é coisa de comunista petralha que defende bandidos, argumento este que não se sustenta minimamente, pois questionar a parcialidade de uma investigação, não significa discordar dela, muito pelo contrário, as investigações se parciais, nunca atingirão o interesse público. Nunca!

Quem dela discorda, não somente é criticado com requintes de ódio, mas torna-se vítima de todo e qualquer golpe que possa destruir sua reputação. Normalmente isso ocorre devido à impossibilidade de o outro lado refutar com coerência – ou com o mínimo de articulação – os argumentos contrários. Tal prática não passa de fascismo, como já dito, pois o poder deve ser tomado pela força e o debate sincero é sinal de fraqueza.

E é nesse contexto que entra o anticomunismo/socialismo, pois no ataque à pessoa ou ad hominem – que ao invés de atacar o argumento, certamente por falta deles, ataca a pessoa – vale tudo, até transformar o termo comunista/socialista em xingamento. Os bem (DES)informados não têm o menor pudor em atacar um dos pilares da nossa democracia, que é exatamente a existência de diversos partidos e diversas ideologias – é bem  verdade que tem uns que não fazem idéia do que estão falando e crêem-se estarem encarnando um verdadeiro Thomas Jefferson naquele momento.

Não enxergam um palmo à frente do nariz, mas estão convictos que enxergam o parasita da mosca venuziana.

Tudo isso termina por refletir no debate sobre a PEC 241.

Com o país polarizado politicamente, só havendo dois lados: o contra PT e os favor, qualquer critica aos atos do governo, significa defender petralhas comunistas bolivarianos, o que está favorecendo o andamento da malsinada PEC, que vai paraguaizar nosso país, pois ela sozinha já é capaz de provocar o caos nos próximos 20 anos, imagina combinada com as regras de terceirização que foram aprovadas por esta Câmara Federal dos 367 (367 votaram a favor do impeachment e, curiosamente, 366 votaram pela PEC 241.

Já houve casos de pessoas que criticaram a PEC 241, ouvirem como resposta que estavam com saudades dos amigos petistas que estão presos. Isso vindo de uma pessoa “formada” com duas graduações e uma especialização. Considerando o desastre que se avizinha com essa PEC, que trata dos interesses de todos os brasileiros, exceto os ricos de verdade (funcionário público mal é classe média) independente de partido político ou ideologia, é possível concluir que o não apenas o ciclo democrático de 1985 se encerrou, mas também que o Brasil faliu racionalmente.

Daí, nesse ponto, se esse fascismo político emburrecedor que vivemos resolvesse repetir a grande queima de livros do nazismo em 1933, ele teria problemas em achar livros….

Saber desenhar o nome não se trata de analfabetismo funcional, é somente analfabetismo, pois quem desenha o nome, não o escreve.

Por fim, “definição de fascismo dada pelo psicanalista marxista Wilhelm Reich, como a expressão da estrutura irracional do caráter do homem médio, cujas necessidades biológicas primárias e cujos impulsos têm sido reprimidos há milênios`, deixa claro que o fascismo é um fenômeno atual e presente entre nós.”

Olha que Reich publicou o livro no início dos anos 30, quando o fascismo era incipiente e não após a 2ª Guerra Mundial.

* Marcelo Rocha é capitão da Polícia Militar de Sergipe

 

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