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Sobreviventes do câncer de mama viram remadoras

O projeto de atividade esportiva foi apresentado ao Movimento Mulheres de Peito que topou o desafio

Um projeto pioneiro em Sergipe deve revelar, em 2020, a primeira equipe de remo formada por mulheres mastectomizadas. Mulheres que enfrentaram o diagnóstico de câncer de mama, cirurgias, quimioterapia e radioterapia encaram agora os desafios nas águas do rio Sergipe. O Remomama é resultado de um projeto de Práticas de Extensão na área de saúde, da Universidade Tiradentes.

Para as estudantes do curso de Psicologia, Sara Barbosa da Silva Rocha, Arlete Francine Santos Menezes, Jéssica Emanuelly de Jesus Bezerra, Natália Santana Magalhães, Camila Beatriz Bloch e da aluna de Radiologia, Sara Barbosa Matheus bastava cumprir a carga horária de uma disciplina, mas elas foram além.

Com o desafio de trabalhar com mulheres que tiveram o corpo castigado pelo tratamento e muitos impedimentos quanto à atividade física, elas pesquisaram e descobriram que era possível.  “O médico canadense Donald McKenzie, que é especialista em medicina esportiva, tem um estudo com mulheres que passaram pela cirurgia e tratamento de câncer de mama e que, contrariando a descrença de alguns, apresentaram efeitos muito positivos”, disse Sara Rocha que é praticante de remo.

“Há um ganho imensurável para essas mulheres do ponto de vista biopsicossocial. É um projeto completo. Há benefícios físicos, de autoestima, autoimagem, autonomia e neuropsicológicos com aumento da produção de serotonina e endorfina, hormônios que previnem e combate a depressão. A canoagem é perfeita para este público e um grande exemplo de projeto” completou o professor Cleberson Franclin Tavares Costa.

Mulheres de peito

O projeto de atividade esportiva foi apresentado ao Movimento Mulheres de Peito que, apesar das dúvidas iniciais, topou o desafio.  “Quando uma mulher se submete à mastectomia total e esvaziamento de axila há comprometimento e perda de resistência do braço. Os médicos fazem muitas recomendações sobre essa fragilidade dos membros superiores. Então, como essa mulher vai remar? Essa foi nossa primeira dúvida. Buscamos informações, consultamos nossos médicos que confirmaram que era possível ganhar resistência com essa atividade física”, explicou Sheyla Galba, integrante do movimento.

No início a agente comunitária, Ivone de Deus Santos, de 39 anos foi desencorajada por conta das limitações, mas contrariando todas as expectativas e o medo, encarou a novidade. “O diagnóstico de câncer modifica totalmente a nossa vida. Perdi emprego, tranquei o curso de gestão em Recursos Humanos, mas as mudanças em minha rotina de vida não me paralisaram. O câncer veio para me mostrar que sou, realmente, capaz mediante a tantos desafios.  Esse novo momento é radical e intenso.  Nesse projeto me redescobri, sou uma nova Ivone”, confidenciou.

Os primeiros meses de 2019 foram de aulas teóricas até que as mulheres experimentaram as primeiras remadas. O grupo foi conhecer o barco de competição em Paulo Afonso (BA), onde o equipamento é construído. Em setembro os treinos foram intensificados já com foco em competições. A primeira, planejada para o mês de março de 2020, será recreativa, mas elas querem mesmo é competir, seguindo exemplo de outras associações pelo Brasil. “Nós temos metas. Vamos à Brasília em março de 2020, mas antes disso lançaremos o primeiro torneio Sergipe e Alagoas. Uma forma de preparar a equipe para competir. Pode escrever, o Mulheres de Peito será a primeira equipe de remo de mulheres mastectomizadas de Sergipe. Nova Zelândia nos aguarde”, revelou Sheyla Galba.

 

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