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Sergipe já teve um governador que proibiu o cafezinho

Por Adiberto de Souza *

Falecido em janeiro de 2012, aos 94 anos, o ex-governador de Sergipe, João de Seixas Dória, é lembrado sempre pela retidão de caráter, um homem honesto acima de tudo, um exemplo a ser seguido por todos que entram na vida pública. Em 1964, este sergipano de Propriá foi cassado pela ditadura militar porque não aceitou marchar ao lado dos golpistas de farda. No artigo “Seixas Dória, um homem raro”, o jornalista Marcos Cardoso lembra que ele “saiu (sob a ameaça das baionetas) do Palácio Olímpio Campos da forma como entrou, sem angariar nenhuma vantagem financeira que não aquelas evidentemente dispensadas aos que galgam tão elevado cargo”.

A honestidade de Seixas Dória era apregoada até pelos adversários dele

Para se ter uma ideia da honestidade do ex-governador, essa virtude era propalada dentro e fora de Sergipe. Exemplo disso, deu o ex-senador Eribaldo Vieira (UDN), que chegou a ser opositor de Dória quando este  trocou o barco udenista pelo do PR e passou a pelejar politicamente junto com o time do PSD. Num discurso corajoso, feito no Senado seis meses após o golpe militar, Eribaldo Vieira afirmou não haver motivos para o Exército manter preso o governador sergipano, pois este sempre esbanjou honestidade.

E para exemplificar o rigor como o preso Seixas Dória tratava a coisa pública em Sergipe, Eribaldo Vieira afirmou: “Escrupuloso, verdadeiro unha-de-fome na poupança do dinheiro público, quando viajava para tratar dos interesses de Sergipe hospedava-se em casa de amigos, não oferecia banquetes e não gastava com propaganda de seu governo. No estado, andava de jipe, sua mesa era modesta, quase pobre. À noite, saía ele mesmo apagando as luzes do palácio para economizar energia”.

O senador udenista prosseguiu revelando na tribuna do parlamento que “o governador suprimiu o cafezinho nas repartições públicas, mesmo este sendo tão arraigado nos costumes da população. Certo amigo ofereceu-lhe três sacos de café para que fosse restaurado o velho hábito. Seixas Dória encaminhou o ‘presente’ dado ao governo para a Legião Brasileira e justificou ao amigo que assim procedera porque ele não mandara também o açúcar”, concluiu Eribaldo Vieira. Diante de exemplo tão claro sobre a seriedade deste ilustre sergipano, surge uma pergunta: será que, em sua cegueira, os militares golpistas cassaram Seixas Dória por excesso de honestidade? Homem vôte!

* É editor do site Destaquenoticias

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3 Comments

  1. José de Melo Carvalho disse:

    Bom dia.
    Parabéns jornalista.
    Sou seu fã.
    Você é um craque no jornalismo de Sergipe Del Rey.

  2. Roberto Bomfim disse:

    Parabéns pelas matérias, sou seu assíduo “cliente”.

  3. José Luiz de Souza disse:

    Parabéns amigo pelas suas matérias.

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