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O zoológico político de Sergipe

Por Adiberto de Souza *

Pebas, guinés, jacarés, Perus. O que estes bichos têm a ver com a política de Sergipe? Simplesmente eles emprestaram os nomes aos simpatizantes da UDN e do PSD em vários municípios. Em Itabaiana, por exemplo, os udenistas liderados pelo cacique Euclides Paes Mendonça eram os Pebas, enquanto os pessedistas do “coronel” Manoel Teles orgulhavam-se de ser os Cabaús. Ribeirópolis tinha os Guinés e os Perus, enquanto em Simão Dias a disputa política era entre os Jacarés e Crocodilos. Ainda hoje, os lagartenses estão divididos entre Bole-Bole e Saramandaia. Nos palanques, os representantes dessas tendências ideológicas, verdadeiras feras da política, diziam cobras e lagartos uns dos outros.

Euclides Paes Mendonça e Manoel Teles, os maiores “coronéis” da política de Itabaiana (Clique na imagem para ampliar)

E o bicho pegava para quem não estava no governo. Veja um trecho do inflamado discurso feito pelo deputado federal itabaianense Airton MendonçaTeles (PSD) – filho de Manoel Teles – contra seu adversário local, o todo poderoso Euclides Paes Mendonça (UDN): “Até agora não se sabe de nenhuma providência para coibir essas violências praticadas contra adversários da atual situação. Como se não bastassem as senhoras presas serem obrigadas pela Polícia a carregar, em latas furadas, água do açude público para a delegacia, lares são invadidos altas horas da noite, sob o pretexto de existência de armas proibidas”.

Como no resto do estado, Tobias Barreto não era diferente. No auge do leandrismo, ali pela década de 50, quem era udenista não queria conversa com pessedista. Mudava até de calçada para não cruzar com o adversário. Os tobienses ou eram Boca Preta ou Rabo Branco. Não havia meio termo.

Conta a história que em Tobias Barreto dona Lindaura tinha um serviço de alto-falantes e com ele defendeu na garganta o leandrismo que abraçara ainda na mocidade. Nos tempos de dona Lindaura o suplicante ou era Boca Preta ou Rabo Branco, e “tamos” conversados! A rivalidade chegou a tal ponto que existiam dois clubes sociais na cidade. Quem pertencia a UDN só ia para os bailes na Sede, enquanto o pessoal do PSD se divertia no Sobrado. E ai daquele que errasse o endereço da festa. Misericórdia!

* É editor do Portal Destaquenotícias

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1 Comment

  1. Milton galindo disse:

    Que coisa linda. Bela historia da politica sergipana. Porém amigo, ainda existe uns coronéis por ai nao so no.nosso estado, mas em outros vizinhos.

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