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O Projeto Sergipe Águas Profundas pode naufragar

O resiultado da licitação para contratar dois navios-plataformas deve definir o futuro do Projeto

A Petrobras avalia, nesse momento, se realmente vale a pena tirar do papel o projeto de produção em águas profundas de Sergipe, o SEAP. O negócio é muito bem quisto dentro da empresa, por conta da estimativa de extração de um elevado volume de gás, mas falta convicção na sua viabilidade econômica, segundo fontes ouvidas pelo PetróleoHoje. O resultado da licitação de afretamento de dois FPSOs dedicados ao ativo vai ser o fiel da balança.

Por se tratar de um projeto de gás, SEAP é mais sensível economicamente, num cenário de aquecimento do mercado fornecedor de bens e serviços. A própria Petrobras tem uma parcela de responsabilidade na ebulição desse mercado, por conta das 11 plataformas em seu radar de contratação. Pesa também a alta demanda na Guiana.

Outro ponto avaliado pela equipe técnica da estatal é a lacuna entre as cotações de petróleo e de gás. Há anos elas vêm se descolando. O ritmo de crescimento do Brent é maior. Isso é um problema para os negócios de gás, já que todos os custos com a cadeia fornecedora são baseados na movimentação do mercado de petróleo.

O Brasil, no entanto, depende do gás de Sergipe, entre outros projetos, para garantir a sua autossuficiência. “Sem esse projeto, vamos continuar importando gás, dependendo do GNL para atender à demanda firme. Um possível adiamento [de SEAP] também pode ter impacto sobre o preço do gás no Brasil”, afirmou Edmar Almeida, professor e pesquisador do Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC).

Ele aposta, porém, na expertise da Petrobras em águas profundas e no conhecimento acumulado na aquisição de equipamentos. O especialista ressalta também a decisão da Equinor e da estatal de investir US$ 9 bilhões para extrair gás do bloco BM-C-33, na Bacia de Campos, um valor audacioso e, ainda assim, viável.

Unigel acendeu o alerta

Menos otimista, Luciano Losekann, professor da UFF, acredita que “o sentimento de otimismo com Sergipe se reverteu com os problemas recentes da Unigel”. Em sua opinião, o programa Gás para Empregar tem o desafio de garantir atratividade ao gás. Operadora de duas fábricas de fertilizantes, em Sergipe e Bahia, a Unigel reclama do preço do gás, utilizado como insumo que, segundo a empresa, está inviabilizando o seu negócio.

Se todos os ativos de produção de gás forem colocados em prática, em 2032, o Brasil poderá chegar a uma oferta de 88 milhões de m³/dia, no melhor cenário, de acordo com estudo do IEPUC. Apenas em Sergipe podem ser produzidos 15 milhões de m³/dia. A demanda firme nacional, em contrapartida, é estimada em pouco mais de 60 milhões de m³/dia, podendo chegar a 138 milhões de m³/dia considerando também a demanda flexível.

Contratação

A Petrobras está com licitações abertas de afretamento dos FPSOs SEAP 1 e SEAP 2. O resultado das concorrências será decisivo para a empresa avançar com o projeto, segundo fontes ouvidas pelo PetróleoHoje.

As unidades serão conectadas a sete campos – Budião (parceria da Petrobras com a ONGC), Budião Noroeste, Budião Sudeste, Palombeta, Agulhinha e Cavala. Essas duas últimas áreas são operadas pela estatal em sociedade com a IBV. As capacidades de produção de cada uma das plataformas serão de 120 mil bpd de petróleo e de 10 milhões de m³/dia e 12 milhões de m³/dia de gás natural, respectivamente.

Nessas concorrências, caso as melhores propostas partam de uma única empresa para os dois FPSOs, o vencedor poderá desistir de um deles. O mesmo vale se a empresa também for a escolhida para afretar o FPSO que está sendo contratado para o campo de Albacora, na Bacia de Campos. Isso demonstra o quanto a Petrobras está ciente do aquecimento do mercado e busca alternativas para isso.

Fonte: Site PetróleoHoje  (Foto:GS)

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