Laércio defende projeto que incentiva a indústria de fertilizantes
16 de março de 2022
Senador quer punir conselheiro do TCE por fazer política
16 de março de 2022
Exibir tudo

Morre o sergipano cabo Anselmo, agente duplo do golpe

Cabo Anselmo confessou ter ajudado a prender ou matar cerca de 200 pessoas

O sergipano Cabo Anselmo morreu em São Paulo. Apenas alguns amigos muito próximos tiveram logo a notícia oficial da morte do sergipano José Anselmo dos Santos, que viveu dezenas de anos na clandestinidade, desde 1º de abril de 1964. Anselmo faleceu de mal súbito no sítio em que se refugiava, às 22h desta terça-feira (15). Nascido em 13 de fevereiro de 1942, na cidade de Itaporanga D’ajuda, Anselmo foi sepultado, nesta quarta-feira (16), por coincidência irônica da vida, no cemitério de Montenegro (apelido que usava), em Jundiaí, interior de SP.

Cabo Ancelmo era um agente duplo que ajudou a ditadura militar a prender ou matar cerca de 200 pessoa. O cálculo foi feito por ele mesmo. Entrevistado pelo portal Uol, em 2017, o ex-cabo da Marinha afirmou não sentir culpa pelo que fez. Mais do que isso, diz que já foi “anistiado” por Deus. “Colaborei com o Estado legal, com a pátria, com a nação, consciente de que a Ditadura do Proletariado ou qualquer ditadura é contrária à liberdade. A motivação maior foram valores cristãos incutidos na infância”, afirmou.

No início do período do golpe, Anselmo havia sido cassado pelo Ato Institucional nº 1 e se asilado no México, mas ao retornar ao Brasil, foi preso, e fugiu novamente em 1966. O militar chegou a visitar Cuba para participar de um treinamento de guerrilha. A Fundação Getúlio Vargas informa que nos anos de 1970 Anselmo já estava de volta ao Brasil e tornou-se suspeito de ter entregue nomes de guerrilheiros à ditadura, após uma onda de prisões e mortes de militantes que tinham contato com ele.

Permaneceu clandestino

Sua versão da história pode ser conhecida no livro “Cabo Anselmo – Minha Verdade, Autobiografia” (Editora Matrix, 2015, 255 páginas). José Anselmo dos Santos foi, provavelmente, o único remanescente da luta armada que permanecia na clandestinidade, longe da família, sem trabalho fixo, obrigado constantemente a mudar de endereço e sem condições de desfrutar de uma velhice normal e tranquila.

Foto: Reprodução TV Cultura

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *