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Morre Lú Spinelli, a coreógrafa que fez a dança em Sergipe

O corpo de Lú Spinelli está sendo velado no Teatro Tobias Barreto

Sergipe está de luto com a morte repentina da coreógrafa e dançarina Lú Spinelli. Ela foi encontrada sem vida no apartamento onde morava por alunos de dança, que estranharam a sua falta na aula. O corpo dessa baiana-sergipana foi velado no Teatro Tobias Barreto, tendo sido sepultado às 16h desta quinta-feira no Cemitério Santa Izabel, em Aracaju. A coreógrafa tinha 64 anos e deixou dois filhos.

O governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB) lamentou o falecimento da bailarina e professora Lú Spinelli. Ele ressaltou o pioneirismo da coreógrafa: “Temos perdido grandes amigos este ano. Lú foi uma grande agitadora cultural, elevou o nome do nosso estado através da dança. É preciso coragem para viver da arte. Determinação nunca faltou a Lú: pioneira na dança moderna em Aracaju, criou uma escola de dança e foi referencial de cultura. Que Deus possa confortar a familia”.

A Prefeitura de Aracaju também divulgou nota de pesar pela morte de Lú Spinelli: “É com imenso pesar que a Prefeitura de Aracaju, em nome do prefeito João Alves Filho, lamenta o falecimento da amiga, professora e coreógrafa, Lú Spinelli, que por cerca de 60 anos dedicou sua vida à dança em Aracaju. Tia Lú, como era carinhosamente chamada pelos alunos foi a responsável pela formação de dezenas de mestres exportando talentos para diversos estados brasileiros e inclusive locais fora do país”.

O texto a seguir foi extraído do Facebook de Dança Moderna e Contemporânea:

Como bem disse, certa feita, Mário Resende, professor do Curso de Dança da Universidade Federal de Sergipe, “em mais de 40 anos de atuação em Sergipe, Lú Spinelli plantou e colheu muitos frutos na arte da Dança e fez desta, nos seus espetáculos, a palavra que não podia falar, o espaço para a crítica e para o riso, a luz para produzir beleza e poesia, o movimento para celebrar a vida e dialogar com a dor, a arte que somente o corpo é capaz de transmitir nesse campo do saber humano que deve ser o mais democrático de todas as artes”.

Ao chegar em Aracaju no início dos anos 70, Lú Spinelli promoveu o Primeiro Festival de Dança Moderna, Contemporânea e Afro. Os tempos eram difíceis, a cidade pequena e conservadora. O Brasil vivia o auge do regime militar e a dança acadêmica não tinha espaço, nem patrocínio, tampouco público. Nessa época, a SCAS – Sociedade de Cultura Artística de Sergipe – entidade cultural que atuava em Aracaju já tinha entrado em retração.

Studium Danças

Nesse deserto de movimento, Lúcia Spinelli percebeu uma lacuna a ser preenchida e por aqui fincou suas raízes, através do Studium Danças. Somente a partir do trabalho desta dedicada coreógrafa foi que as sementes das Danças Moderna e Contemporânea aportaram na capital sergipana. Sem essas sementes muito provavelmente estaríamos contando outras histórias no que se refere à Dança acadêmica em Sergipe.

A criação do Studium Danças e a realização dos Festivais Anuais são marco na história cultural de Aracaju. Sua criadora, Lú Spinelli, vivenciou e foi testemunha de importantes modificações nessa capital no campo dos costumes, dos mitos e dos preconceitos. Na década de 70, ao se estabelecer em Aracaju, enfrentou resistências típicas de toda ação pioneira, mas também recebeu os apoios das jovens mentes e intelectuais iluminados da cidade.

Em muitos aspectos do que avançamos, somos devedores a essa mestra da Dança. No campo dos costumes e da dança Lú foi revolucionária, sendo uma das responsáveis pela quebra de preconceitos e tabus arraigados na sociedade aracajuana. Atuou como uma das responsáveis técnicas pelo Festival de Arte de São Cristóvão durante 18 anos. Foi também produtora de grandes espetáculos que se fizeram presentes nos palcos sergipanos.

Artistas negros

Com Lú Spinelli tivemos pela primeira vez em Sergipe, a possibilidade de artistas homens e negros frequentarem aulas e serem reconhecidos na cena da dança no estado de Sergipe e fora dele. Lú fundou o Studium Danças em 1971, tendo como primeiro professor convidado o bailarino pernambucano Alcides Muniz, recém chegado da Europa. Muniz havia dançado em diversas companhias como o Gulbenkian em Portugal,
o Balé de Nice, na França, entre outros.

A partir das ações de Lú que tivemos a primeira companhia de dança cênica sergipana, o “Grupo Studium Danças”. Criado em 1973, era formado por uma série de jovens aracajuanos que, posteriormente, procuraram outros meios, a exemplo de Silvana Flores Cardoso, Beatriz Braz, Cristina Garcia, Clara Alice e Acácia Oliveira, Martinha Bragança, Dayse Monte, Ana e Cibele Ramalho.

Em mais de 40 anos de atuação em Sergipe, Lú Spinelli plantou e colheu muitos frutos na arte da Dança e fez desta, nos seus espetáculos, o espaço para a crítica e para o riso, a luz para produzir beleza e poesia, o movimento para celebrar a vida e dialogar com a dor, a arte que somente o corpo é capaz de transmitir nesse campo do saber humano que deve ser o mais democrático de todas as artes.

Matéria atualizada às 16h40 desta quinta-feira.

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1 Comment

  1. dns settings disse:

    Lamentável! Meus Sinceros Votos de Pesar…

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