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Mais médicos e menos politicagem

Por Antonio Samarone *

Novamente as entidades médicas erram ao atacarem o programa “mais médicos”. A pretensão de levar a medicina aos pobres é inaceitável para eles.

A reação é de paixão ideológica!

A medicina de mercado não é economicamente afetada com o “mais médico, mesmo assim eles não aceitam. O argumento principal é que estão preservando a qualidade da medicina.

Como assim, o que seria uma boa medicina?

A imagem de que a boa medicina é a que incorpora tecnologias sofisticadas de alto custos é dominante, fortalecida pelo manto da pseudociência.

A medicina de mercado é por natureza uma biomedicina, única forma que permite transformar o cuidado médico em mercadoria: ou seja, em um cuidado impessoal, padronizado e passível de quantificação, garantindo a produtividade e o lucro.

O mercado não lida com empatia, acolhimento, proteção, afeto, solidariedade. O mercado cuida do corpo físico, ao seu modo, e oferece procedimentos. A atenção espiritual, psíquica, social, o sofrimento, o medo, a solidão dos doentes não é objeto da medicina de mercado.

A medicina humanizada não gera lucros e não pode ser padronizada, quantificada e impessoalizada.

Eles sabem, mas fingem que não sabem, que existem outras medicinas. A medicina de mercado, apesar de hegemônica, não é a única. Cada medicina usa a ciência a seu modo e de acordo com os seus objetivos.

Existem charlatões em todas elas, más nenhuma medicina nega a ciência. Cada medicina adapta a ciência aos seus objetivos e usa o nome da ciência em vão.

As medicinas holísticas ultrapassam a fronteira do corpo, levam em conta as pessoas, com as suas histórias e as suas crenças. Somos entes e seres, corpo e alma, matéria e espírito. A ciência cuida dos fenômenos materiais.

A transcendência é parte da vida e não é objeto das ciências, está na esfera da filosofia, teologia e arte.

A medicina humanizada não despreza a biomedicina, a medicina do corpo. Ela é útil e necessária. O corpo é perecível e caminha para a decomposição. Precisa dos cuidados da medicina. Mas não é só isso. O sofrimento humano ultrapassa o corpo, e outros aspectos da vida são afetados (social, afetivo, psicológico, religioso, existencial).

Os mesmo que negam o “mais médicos” em nome de uma medicina de “qualidade”, defenderam recentemente a cloroquina como prevenção da Covid-19, subestimaram as vacinas e a quarentena.

Gente, as entidades médicas ao assumirem um discurso político ideológico, reduzem a sua legitimidade social.

Na verdade, defendo SUS como um sistema universal, público e gratuito, mas enquanto isso não chega, o mais médico pode aliviar muitos sofrimentos.

* É médico sanitarista

 

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