Mesmo com salários em dia, médicos não atendem o povo

Mais da metade dos médicos que atuam em Aracaju já receberam o salário integral do mês de dezembro, que foi deixado pendente pela gestão passada. No entanto, permanecem, de forma injustificada, em greve, uma vez que a paralisação se deu justamente para que os salários fossem pagos. Até o momento, 226 médicos aderiram à operação de crédito que garante o pagamento dos vencimentos que não foram honrados pela gestão passada. Este número representa 53% destes profissionais.

O secretário municipal de Saúde, André Sotero, anunciou na última segunda-feira, 6, que como forma de atender às necessidades da população causada pela greve dos médicos, será feita uma contratação emergencial de 88 médicos que irão trabalhar nas Equipes de Saúde da Família (ESF). A contratação temporária permanecerá enquanto durar a greve dos médicos como medida provisória para evitar a calamidade na saúde pública municipal.

“Teremos um custo, mas vai representar apenas 5% da folha salarial da saúde. Vamos investir R$ 704 mil na contratação destes 88 médicos porque não podemos mais permitir que a população pague um alto preço pela intransigência do sindicato”, afirmou.

“Além disso, precisamos ressaltar que todos os sindicatos já voltaram às atividades, exceto a classe médica. Ninguém trabalha sozinho e isso quer dizer que os serviços nas unidades de saúde estão prejudicados, com suas atividades praticamente paradas. Eu não posso ficar assistindo o sofrimento das pessoas e, por isso, optamos por um contrato emergencial. Estamos sendo obrigados a ter mais essa despesa devido à manutenção da greve”, explica.

Dos 426 médicos da rede municipal de saúde de Aracaju, 226 já aderiram à operação de crédito que permite o recebimento integral do salário de dezembro. No entanto, apenas uma pequena parcela dos médicos está trabalhando: nos postos de saúde, os que estão atuando são profissionais que recebem por RPA; entre os médicos especialistas, há um contingente um pouco maior.

Quatro salários em 2 meses

Os médicos, assim como todos os demais servidores da prefeitura de Aracaju, receberam, num prazo inferior a dois meses, quatro folhas salariais na gestão de Edvaldo Nogueira. No dia 10 de janeiro, receberam o 13º salário, que foi deixado pendente pela administração passada. No dia 30 de janeiro, a prefeitura pagou os vencimentos dentro do mês trabalhado, o que não ocorria há 17 meses. No dia 22 de fevereiro, os funcionários públicos puderam aderir à operação de crédito para receber o salário de dezembro, que não foi pago pelo ex-prefeito. Já no dia 24 de fevereiro, Edvaldo antecipou o pagamento dos salários do mês.

O pagamento de quatro folhas salariais em dois meses representou a injeção de R$ 240 milhões na economia aracajuana, o que foi comemorado pelo comércio. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Breno Barreto, o pagamento antecipado dos servidores está sendo sentido imediatamente na economia. “Pode ter certeza que desde o anúncio da data de pagamento o comércio é movimentado porque os servidores já sentem a segurança que vão receber os salários. Eles já começam a comprar no cartão de crédito ou ficam no aguardo para quando receber o dinheiro”, afirmou.