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Definição de candidatos para 2022 é tão urgente em plena pandemia?

Por Gilvan Manoel *

O deputado federal Fábio Miti dieri (PSD), um dos nomes do  bloco do governador Belivaldo Chagas à sua sucessão, passou a defender com veemência a definição até o mês de outubro do candidato a governador em 2022, para que o nome possa ser trabalhado junto a lideranças de todo o estado. Fez isso em diversas entrevistas concedidas ao longo da semana.

E ganhou um reforço de peso: o ex-governador Jackson Barreto, que pretende disputar vaga de deputado federal. JB entende que a definição não pode passar do mês de dezembro. Belivaldo não entende tanto essa pressa – “minha candidatura em 2018 só foi definida no mês de abril” -, mas admitiu que deve começar a discutir a sucessão no final de setembro, sem que haja uma data específica para a definição.

Além de Mitidieri, fazem campanha aberta para ser o candidato do grupo a governador o senador Rogério Carvalho (PT) e o deputado federal Laércio Oliveira (PP). Por fora, entram os nomes do prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira (PDT) e do conselheiro do TCE Ulices Andrade.

Uma definição do candidato a governador ainda este ano praticamente exclui as candidaturas de Edvaldo, envolvido no combate a pandemia da covid-19, e Ulices que só pode começar a tratar abertamente de política quando anunciar a sua aposentadoria no Tribunal de Contas. Mesmo assim, os seus nomes são muito bem avaliados pelas lideranças políticas de todo estado – o prefeito pelas boas administrações que faz na capital e o conselheiro pela fama de fidelidade aos aliados e de cumprimento da palavra.

Edvaldo não entende a pressa e defende que o assunto só seja tratado a partir de janeiro. A possibilidade de Ulices vir a ser candidato a governador já chegou a ser discutida durante uma sessão do pleno do TCE transmitida pelo youtube, a partir de declarações do conselheiro Carlos Pinna, que sugeriu inclusive a participação do conselheiro Carlos Alberto Sobral de Sousa – que se aposenta ainda este mês após 35 anos no tribunal – no secretariado de um eventual governo a partir de 2022.

Formado em 2006 quando Marcelo Déda se elegeu governador pela primeira vez, o bloco de um amontoado de partidos – antes eram de centro-esquerda, mas agora também possui legendas de direita – que comanda o estado de Sergipe até agora não deverá ter vida fácil nas próximas eleições. Até 2018 não havia disputa entre os aliados para saber quem seria o candidato a governador.

Em 2010, Déda era candidato natural à reeleição; em 2014, como Jackson Barreto já havia assumido o governo em função da morte de Déda, ninguém tinha dúvidas sobre a disputa pela reeleição, mesmo enfrentando um governo desgastado e a máquina dos irmãos Amorim; em 2018, a partir do momento em que assumiu o governo no mês de abril em função de desincompatibilização de JB, Belivaldo começou a trabalhar a sua reeleição. Atualmente a petista Eliane Aquino é a vice-governadora, mas ela não tem espaço no PT para se apresentar como candidata a governadora em função da decisão nacional do PT pela candidatura do senador Rogério Carvalho, independente de ser ou não o escolhido pelo bloco.

No impedimento de Ulices e Edvaldo, Fábio deverá ser o escolhido, mesmo sendo considerado “muito moço” pelos seus 44 anos de idade. Também é tido como cumpridor da palavra, já está em campanha percorrendo todos os municípios e tenta ampliar o arco de alianças para fortalecer o seu projeto. Hoje está muito próximo do ex-deputado federal André Moura (PSC) que perdeu a eleição para o Senado e pretende voltar a disputar em 2022. Como Mitidieri não apoia a candidatura à reeleição do presidente Bolsonaro – a opção natural seria Lula, mas a candidatura de Rogério dificulta isso, deverá fazer a opção por Ciro Gomes (PDT), em função do prefeito Edvaldo Nogueira.

Com mais opções, a disputa pela sucessão de Belivaldo Chagas deixa de ser apenas governo X oposição, como ocorreu em 2006 e 2010 (Déda X João Alves Filho), 2014 (Jackson Barreto X Eduardo Amorim) e 2018 (Belivaldo X Valadares Filho). O senador Alessandro Vieira (Cidadania), muito elogiado pela sua atuação na CPI da Pandemia, também deve ser candidato.

Na verdade, essa frente ampla já perdeu o sentido, ao menos em Sergipe.

* É editor do Jornal do Dia (Artigo publicado originalmente no Jornal do Dia)

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