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Caranguejo está de andada

Sergipe sempre teve o caranguejo como símbolo da sua culinária e da cultura

A captura do caranguejo-uça está proibida até o próximo domingo (28). Iniciada nesta terça-feira (23), a proibição do Ibama objetiva preservar a espécie, que se encontra em fase reprodutiva. Regulamentado pela Instrução Normativa Interministerial nº 9, o defeso proíbe a captura, o transporte, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização do crustáceo entre a lua cheia e a lua nova. Nesta época, os caranguejos saem das tocas para liberar os ovos no manguezal. A este período é dado o nome de “andada”.

Segundo os catadores, o caranguejo-uçá muito magro agora em fevereiro. É da cultura popular a afirmação que nos meses que possuem letra “r” no nome (setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril) os caranguejos estão magros. A carne também fica mais mole e o sabor é um pouco diferente. Segundo o feirante Robson José Cabral, nos meses com a letra “r” o animal “fica fraco e sem gordura. E como morrem mais facilmente, precisamos vender o mais rápido possível”, explica.

O mestre em Ecologia, Carlos José Esteves Gondim, explica que a afirmação popular de que os meses com a letra “r” são de caranguejos magros trata-se de uma coincidência. Nessa época, os crustáceos passam por um processo chamado “equidíase”, uma espécie de evolução. Nessa fase, muita energia é gasta e o crustáceo fica fraco e magro. “A equidíase costuma durar de 45 a 50 dias. Alguns demoram muito mais tempo. Como há o gasto de energia muito elevado, os caranguejos morrem mais facilmente, até pelo calor ou pelo transporte”, afirma.

Símbolo de Sergipe

Historicamente, Sergipe sempre teve o caranguejo como símbolo da sua culinária e da cultura. Margeada por mangue, habitat dessa espécie de crustáceo, a costa sergipana sempre produziu muitos caranguejos. Hoje, o quadro no Estado é de recuperação da espécie caranguejo-uçá, que foi bastante reduzida durante a mortandade ocorrida entre os anos de 2000 a 2003, causada pelo fungo Exophiala cancerae.

Segundo o Ibama, nos finais dos anos 80 e início de 90 eram registradas produções de 4,8 milhões de indivíduos capturados em todo o manguezal sergipano. Mas, com o advento da mortandade de caranguejo, os números foram sendo reduzidos para 500 mil crustáceos. Há alguns anos, a população da espécie vem se recuperando. Levantamento feito pela Universidade Federal de Sergipe mostrou que em 2012 a produção já era de 199.998,74 toneladas de caranguejos, o equivalente a 1,1 milhão de caranguejo.

O caranguejo é presença forte na culinária sergipana, sendo que Aracaju é a única cidade que têm uma rua dedicada a esse crustáceo: a Passarela do Caranguejo, na Orla da Atalaia. A importância não é só cultural e gastronômica, mas econômica e social. É um elemento de sustentação de várias famílias e gerador de renda. Historicamente havia 1,8 mil famílias que dependiam da coleta do caranguejo. Hoje essa  quantidade aumentou muito por conta do seguro-desemprego concebido no período do defeso.

Com informações do jornal Cinform (Crédito/paraibaja.com.br)

 

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