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As estátuas falam pelos cotovelos

As estátuas recém-chegadas em Aracaju são do barulho.  Já desceram do Barco de Fogo fazendo zuada, dizendo pra que vieram, chamando os críticos para o conversado, exigindo respeito ao nosso folclore. Decididamente, elas não são daquelas que se contentam em ficar com a cara de estátua, escutando chocalho sem ver besta.

Com o verbo mais afiado do que a foice e a flecha do Lambe-Sujo e Caboclinhos, as danadas não dão ouvidos a conversa fiada, mas não são de levar desaforo pra casa. Confundi-las com os Bonecos de Olinda é querer ficar falando sozinho, pois as grandonas se recusam a discutir com analfabetos em cultura popular.

Também não dirigem a palavra a quem acha que o Parafuso está rodando a baiana. Isso é coisa do Largo de Tororó. E se o sujeito insinuar que o boi do nosso Reisado é o primo Bumbá paraense, a Rainha das Taieiras sobe nos tamancos prá só descer na festa de Santos Reis. É quizumba mais séria do que errar o passo na dança do Cacumbi.

Tem mais: não acreditar nas aventuras marítimas dos cristãos e mouros da Chegança do além-mar é o mesmo que pedir pra tomar um caldo no rio Sergipe que, tranquilo, faz pano de fundo para escutar o alvoroço das recém-chegadas.

Agora, se o camarada quiser arranjar uma encrenca graúda, daquelas pra cachorro grande, basta espalhar que o brincante do São Gonçalo é um folião do Rasgadinho. É melhor pedir logo para o Bacamarteiro dar um tiro na conversa.

Diga lá, você já foi dar as boas-vindas às novas moradoras do Largo da Gente Sergipana? Calma, não se apresse, elas ficarão ali pelo resto de nossas vidas. E, como toda estátua que se preza, falando pelos cotovelos. Para escutá-las, basta abrir os ouvidos para a sonoridade do rico folclore sergipano.

(Adiberto de Souza – crédito/Infonet)

 

 

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4 Comments

  1. Carlos Magno Andrade Bastos disse:

    Finalmente, alguém escreveu alguma coisa que preste sobre algo que não presta.

  2. Carlos Fiel disse:

    Adiberto, parabéns, excelente texto. Muitas são as críticas, mas como diria Ibraim Sued: Os cães ladram e a caravana passa.

  3. Lealdo Feitosa disse:

    Parabéns pelo texto, lúcido, leve, equilibrado, e acima de tudo, rico em seu conteúdo.

  4. Mariana disse:

    Texto lindo e esclarecedor. Agora sei identificar os representantes da chegança e do São Gonçalo. Obrigada, Adiberto.

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