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As esculturas do Rio Sergipe falam pelos cotovelos

Desembarcadas em Aracaju no começo do ano passado e morando ali no estuário do Rio Sergipe, as esculturas representantes da nossa cultura são do barulho. Elas já desceram do Barco de Fogo fazendo zuada, dizendo pra que vieram, chamando os críticos para o conversado, exigindo respeito ao nosso folclore. Decididamente, não são daquelas que se contentam em ficar com a cara de estátua, escutando chocalho sem ver besta, enquanto os pombos fazem o que não devem em suas cabeças.

Com o verbo mais afiado do que a foice e a flecha do Lambe-Sujo e Caboclinhos, as danadas não dão ouvidos a conversa fiada, mas não são de levar desaforo pra casa. Confundi-las com os Bonecos de Olinda é querer ficar falando sozinho, pois as grandonas se recusam a discutir com analfabetos em cultura popular.

Também não dirigem a palavra a quem acha que o Parafuso está rodando a baiana. Isso é coisa do Largo de Tororó. E se o sujeito insinuar que o Boi do nosso Reisado é o primo Bumbá paraense, a Rainha das Taieiras sobe nos tamancos prá só descer na festa de Santos Reis. É quizumba mais séria do que errar o passo na dança do Cacumbi.

Tem mais: não acreditar nas aventuras marítimas dos cristãos e mouros da Chegança do além-mar é o mesmo que pedir pra tomar um caldo no Rio Sergipe que, tranquilo, faz pano de fundo para escutar o alvoroço de suas ilustres moradoras.

Agora, se o camarada quiser arranjar uma encrenca graúda, daquelas pra assustar cachorro grande, basta espalhar que o brincante do São Gonçalo é um folião do Rasgadinho. É melhor pedir logo para o Bacamarteiro dar um tiro na conversa.

Como é? Você ainda não deu com os costados no Largo da Gente Sergipana pra ouvir o converseiro das danadas? Calma, não se apresse, elas ficarão ali pelo resto de nossas vidas. E, como toda escultura que se preza, falando pelos cotovelos. Escutá-las não é difícil: basta abrir os ouvidos para a sonoridade do rico folclore sergipano.

(Adiberto de Souza – crédito/Infonet)

 

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