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A Segunda Guerra em Sergipe e os Piper Cub´s

Por Eduardo Marcelo Silva Rocha *

Quando naquela manhã longínqua de 16 Agosto de 1942 o jovem piloto Walter Baptista partiu para tentar encontrar o paquete Aníbal Benévolo e adentrou por quilômetros adentro do Oceano Atlântico, atendendo solicitação do Capitão do Portos Gentil Homem de Menezes, em seu frágil Pipper Cub, não sabia que estava realizando uma operação no contexto da Segunda Guerra Mundial, vez que a desconfiança de Gentil era de avarias no navio.

O fato é que aquele jovem piloto voava em uma versátil aeronave, que surgira alguns anos antes, através da Piper Aircraft/EUA, como avião de treino. Falemos sobre ele.

O Piper Cub era um monomotor com capacidade para um ou dois tripulantes, que tornou-se um dos aviões leves mais populares do mundo. Há quem diga que o Piper Cub está para a aviação, tal qual o Ford Modelo T está para o automobilismo.

(Clique na imagem para ampliar)

Tratava-se de um avião de asa alta, equipado com motor de quatro cilindros opostos (boxer), refrigerado a ar. Curiosidade: o motor do fusca é também 4 cilindros boxer.

Sua estrutura era em aço, contando com revestimento em tecido, de modo a assegurar resistência e leveza necessárias.

Esta rusticidade permitiu-lhe emprego em variadas missões civis e militares, sendo que ainda existem unidades em serviço ou operação até hoje, do “Lock Haven Yellow” – apelido carinhoso que  o resume, inclusive em relação à sua popular cor amarela.

Fabricado entre os anos de 1937 e 1947, foi uma aeronave do contexto do esforço de guerra, tendo sido popularizada nos aeroclubes do nosso país, no período. Participou de eventos diversos, como um programa de arrecadação de divisas em prol do Reino Unido, apelidado de “Filtfire”, em alusão aos famosos caças ingleses Supermarine Spitfire. Participou de peças publicitárias transportando a Primeira Dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, além de figuras como Eisenhower, Patton e Marshall.

Servindo nos aeroclubes ingleses, o Piper Cub integrou as chamadas Civil Air Patrol, patrulhas civis, semelhante ao modo como operou em nosso país. Em paralelo, foram utilizados em operações militares diretas, mediante diversas modificações que lhes permitiram emprego desde missões de ataque ao solo, como em missões de resgate.

Enfim, naquela manhã trágica de 1942, Walter Baptista e Lourival Bonfim afastaram-se algo próximo a 60 km da costa, adentrando o oceano nessas versáteis, mas frágeis aeronaves, sem sequer contarem com um rádio comunicador, o que para nós, em tempos de “GPS” e outros sistemas, soa como quase uma tentativa de suicídio! Lograram êxito, sobreviveram e auxiliaram o resgate.

Após os torpedeamentos logo o Brasil declararia Guerra ao Eixo e iniciaríamos a chamada Batalha do Atlântico Sul, que envolveria nossas forças federais e estaduais, com apoio externo dos Aliados, mas também contando com o patrulhamento feitos pelos Piper Cub´s do nosso Aeroclube, vez que tal batalha tinha como foco a defesa contra os submarinos alemães e italianos que infestaram nosso litoral.

Resistimos e derrotamos o Nazismo!

* É tenente-coronel da Polícia Militar de Sergipe.

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