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A Cavalaria em festa

Por Eduardo Marcelo Silva Rocha *

Portaria do Comando-Geral da Polícia Militar do Estado de Sergipe elevou, na última terça-feira (30), o Esquadrão de Polícia Montada à categoria de Regimento, diante das necessidades de ampliação do policiamento montado, dentre outras. Nas redes sociais, frisou-se o fato de a história desta tropa montada confundir-se com a própria história da corporação, vez que ao ser fundada em 1835, já haver previsão de efetivo montado.

Nos idos do século XIX, imaginemos como deveria ser o emprego dessa  tropa especial, num período em que não existiam veículos autopropelidos, como era sensível às funções de segurança o aproveitamento de animais de tração, o mais caro e rápido meio de transporte terrestre  individual disponível. Reporta-se que durante este período – e sem poder cravar exclusivamente – a sede da unidade de cavalaria da funcionou no local onde hoje existe o centanário cemitério dos Cambuys, mais conhecido como cemitério da Cruz Vermelha, que lhe sucedeu.

Já no Século XX, segundo o Oficial de excelente cepa de nossa corporação, Cel. Lúcio Vasconcelos, o já Pelotão de Cavalaria funcionou no local onde hoje está erigido o Edifício Estado de Sergipe – ou Maria Feliciana – em determinado período.

No século passado, um dos momentos de maior destaque da unidade, ocorreu no contexto da segunda Guerra, quando a tropa foi empregada com intuito de preservação da ordem, principalmente após os torpedeamentos ocorridos em nossa costa, que levou o país a decretar Guerra ao Eixo. Nesse período, coube-lhe o patrulhamento da cidade e a fiscalização do cumprimento das medidas de segurança relativas à guerra submarina, conforme relato de um integrante da corporação à época.

Apesar de o Brasil se envolver na guerra alguns anos após seu início, já desde fins dos anos 1930, influências do conflito já eram sentidas, a criação do aeroclube, com incentivos – como a inigualável condição de preço de aquisição dos “Piper Cubs” que seriam da frota de fundação do referido clube – foi uma delas em 1939, por exemplo.

Logo, não parece ser acaso, que durante o conflito, poucas semanas após os torpedeamentos em Sergipe, o Pelotão de Cavalaria seria elevado ao patamar de Esquadrão de Cavalaria, podendo assim ampliar seu efetivo, tão primordial naqueles tempos difíceis. Tornando-se uma unidade com a previsão de 94 homens – sendo 4 Oficiais e 90 Praças, uma evolução de efetivo considerável diante do total de 08, em 1935.

Por ocasião dos torpedeamentos, enquanto o Piper j-3 sobrevoavam a costa e orientavam os resgates feitos por caminhões e camionetes do Serviço de Luz e Força, a Polícia se fazia chegar à região do Mosqueiro, para a qual somente existia uma estrada de areia fina. Naquela localidade, devido ao estuário do Rio Vaza-Barris, temia-se que o U-Boat ali adentrasse e realizasse algum ataque. Exatamente por isso, cabia à unidade montada fazer o patrulhamento noturno na costa, para varrer e identificar possíveis sinais do malfadado vaso submarino de guerra.

Hoje, diferente do passado, o serviço prestado pela unidade não demanda mais o uso do animal como meio de transporte devido à motomecanização, mas em uma outra perspectiva, uma evolução natural e importante. Melhor, os animais são transportados em veículos especiais, assegurando-lhes a integridade.

Após 187 anos de sua criação e mais de 80 da sua elevação a Esquadrão, a Cavalaria da PMSE comemora essa sua “promoção” a Regimento. É inegável o avanço, que já se materializa dia a dia com serviços ampliados como os da equoterapia, que emprega o equino como meio tratamento auxiliar à saúde de crianças especiais.

Não resta, diante dos fatos novos, reconhecer que Cavalaria está em festa, a Polícia está em festa e juntos festejarmos.

* É tenente coronel da PM/SE e membro da Academia Brasileira de Letras e Artes do cangaço. (eduardomarcelosilvarocha@yahoo.com.br)

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