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A alegria melancólica da solidão

Por Antonio Samarone *

Dizer que não estávamos preparados para a velhice é uma desculpa mentirosa. Sempre soubemos, apenas fazíamos de conta que era tudo com os outros. O diabo é mais feio do que o pintado? Acho que não…

As grandezas humanas, todas viram cinzas. São aromas da vaidade. A velhice tem os seus próprio métodos, para se gozar a felicidade eterna.

Tornei-me um “suburbanum”. Afastei-me numa “Quinta” longínqua (Solar São José), nas fronteiras da velha Capital, numa zona litigiosa com Aracaju. Entreguei-me ao ócio contemplativo.

Segundo o filosofo patrício, Araponga, filho do sábio Filomeno, “a sabedoria humana passa de uma alma a outra, diretamente, sem leituras. Para que serve ler livros e bibliotecas inteiras? Servem apenas para confundir o espírito, encher de contradições a alma ingênua dos homens.”

Mesmo sendo eu membro da seita “arapongista”, quero discordar do guru. Os livros têm sido grandes parceiros.

Estou a ler o velho sábio sergipano, morto em 1934. João Ribeiro, o velho. (1860 – 1934), intelectualmente, foi o maior sergipano de todos os tempos. Uma companhia disponível a qualquer hora, sem cansaço, mau humor, indisposições ou falta de tempo.

Um imortal de Academias, me perguntou surpreso: “e João Ubaldo Ribeiro não é baiano? É! E quem falou em João Ubaldo? Estou lendo só João Ribeiro, não tem o Ubaldo. Humm! Suspirou a sumidade, assumindo um ar de displicência.

Os livros estão sendo digitalizados pelo Google, todos ou quase todos. Tenho a Biblioteca da Alexandria ao meu dispor. Mesmo os livros queimados pela inquisição e os roídos pelas traças foram recuperados. As letras ficaram nas cinzas e foram recuperadas.

Livros extintos reaparecem!

Dizem que a inteligência artificial não tem limites, resolve todos os enigmas, novos e antigos. Não me sinto seguro em discordar. E se a minha descrença for apenas dificuldades cognitivas, impostas por sequelas da Peste da Covid ou pela idade?

Já solicitei a Dona Florípedes, herdeira da farmacopeia do falecido doutor Mané Barraca, o Elixir de Marapuama, único tônico indicado em meu caso.

* É médico sanitarista

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