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Pneumonia mata o ex-preso político Milton Coelho

Milton Coelho depondo na Comissão da Verdade de Sergipe

Após passar uma semana internado na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) do Hospital Primavera, em Aracaju, morreu, nesta quarta-feira (17), o ex-militante de esquerda e ex-preso político Milton Coelho, 82 anos. Ele foi internado com pneumonia. O velório acontecerá no Velatório Osaf, centro de Aracaju. O corpo do militante político será cremado. Torturado nas dependências do quartel do 28º Batalhão de Caçadores, Milton Coelho ficou cego.

Nascido em 1942, em Salvador, Milton migrou com a família para Aracaju na década de 1950. Ele era petroleiro e esteve na luta contra a ditadura militar, instalada no país em 1964. Era um árduo defensor da democracia. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido dos Trabalhadores (PT).

Dez anos após iniciar as suas atividades como petroleiro e com posição estratégica no PCB, Milton Coelho foi alvo de um dos episódios mais violentos da história brasileira: a Operação Cajueiro, ação da Ditadura civil-empresarial-militar, deflagrada em Sergipe no mês de fevereiro de 1976 e que prendeu e torturou dezenas de sergipanos.

Marcas das algemas

Pancadas na cabeça, choques nas partes mais sensíveis do corpo, tentativas de afogamento e golpes nas alturas dos rins eram algumas das táticas de torturas a que dezenas de sergipanos foram submetidos. Todos eram também obrigados a usar um capuz que pressionava fortemente os olhos com borracha. Por conta dessas turturas, Milton Coelho perdeu a visão dos dois olhos.

“Até hoje tenho a marca das algemas de ferro nos pulsos, a mão inchou. Saí dali sem visão, passei um mês num hospital de Salvador, depois fui encaminhado para Belo Horizonte onde fiz tratamento, cirurgias. Em 1º de novembro de 1977 fui aposentado por invalidez”, declarou Milton, em depoimento à Comissão Estadual da Verdade.

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