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As flores da Caatinga

O mandacaru é comum em toda extensão da Caatinga (foto Emanuel Rocha)

Uma lista atualizada das espécies de plantas com flores das florestas e bosques sazonais da Caatinga registrou 3.347 espécies, 962 gêneros e 153 famílias, das quais 526 espécies e 29 gêneros, 15% do total, são endêmicas – só existem na Caatinga.

O estudo, publicado na revista Journalm of Arid Environments verificou que as espécies não lenhosas, que incluem ervas e trepadeiras, são importantes para a diversidade geral e fazem com que a relação espécies/área da Caatinga (4,0×10−3 espécies/km2) seja quase o dobro da encontrada na Amazônia (2,5×10-3 espécies/km2).

Dizer “o que explica” essa diversidade elevada é bastante difícil sem um teste científico rigoroso. Ao que parece, a elevada heterogeneidade ambiental devido a grande variação em características relacionadas ao relevo, clima, solo, precipitação, entre outros, é responsável pela complexidade biológica e elevada diversidade no Nordeste do Brasil. A variação de tais fatores é menos pronunciada na Amazônia.

Conheça a seguir algumas espécies de plantas da Caatinga:

Angico (Anadenanthera colubrina)

Angico é uma árvore famosa por suas flores brancas que costumam atrair abelhas produtoras de mel.

Muito comum em diferentes biomas brasileiros, especialmente na Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, a Angico se caracteriza por apresentar um rápido crescimento.

É uma árvore com tronco robusto que produz uma alta quantidade de tanino, uma substância que evita o ataque de microrganismos que podem causar doenças.

A casca do tronco da angico também apresenta propriedades medicinais, sendo indicada para reduzir sangramento, combater diarreia e ajudar na cicatrização da pele.

Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi)

A aroeira-vermelha é uma espécie nativa do Brasil. Também conhecida como pimenta-rosa é muito comum na Caatinga, mas também pode ser encontrada em outros biomas brasileiros.

Apresenta um tronco que pode chegar até 80 cm de diâmetro, tem cor castanho-escuro e origina uma madeira resistente à deterioração, pois produz substâncias com ação fungicida e inseticida.

Por ser amplamente explorada, é considerada uma espécie na categoria vulnerável na lista de espécies da flora brasileira que estão ameaçadas de extinção.

Macambira (Neoglasiovia variegata)

Macambira ou Caroá é um tipo de bromélia típica da Caatinga e também é conhecida como gravatá, caruá e coroatá.

Com poucas folhas, sempre em tons avermelhados ou rosados, ela produz fibras utilizadas na confecção de peças artesanais e decorativas, além de tecidos, barbantes e linha de pesca.

Estudos publicados indicam a produção de flavonoides que podem auxiliar no combate a inflamações, dores e úlceras gástricas.

Catingueira (Caesalpinia pyramidalis)

A catingueira é uma espécie de árvore amplamente distribuída pela Caatinga que possui capacidade de rebrotar mesmo depois de ser cortada. É considerada um indicador de proximidade do período chuvoso, pois suas gemas brotam ao sentir a umidade.

As catingueiras costumam medir entre 4 e 8 m de altura, o caule pode chegar até 50 cm de diâmetro, desde que a raiz esteja em várzeas úmidas.

Coroa-de-frade (Melocactus bahiensis)

A coroa-de-frade é uma espécie de cacto típico da Caatinga que apresenta formato arredondado, pequeno e achatado, podendo chegar a no máximo 12 cm de altura.

É repleto de espinhos que variam de espessura e tamanho, além de apresentar flores em tons de rosa e vermelho, atraindo assim muitas abelhas.

Recebe este nome pois na fase adulta apresenta o cefálio, que é muito semelhante, visualmente, a uma coroa e uma cabeça calva, fazendo referência assim a um frade franciscano.

Favela (Cnidoscolus phyllacanthus)

A faveleira ou favela é uma planta endêmica da Caatinga conhecida por seu potencial medicinal, especialmente ao auxiliar na cicatrização de ferimentos. É encontrada com facilidade em afloramentos rochosos e locais de solos rasos.

Muito popular nos estados do Nordeste, o fruto da faveleira é utilizado como brinquedo pelas crianças, as sementes como parte da alimentação de diversas aves e para consumo humano como farinha.

Em estudos recentes, a semente da faveleira tem sido utilizada na extração de óleo para produção de biocombustíveis, extratos medicinais e recuperação de áreas degradadas.

Flor de Jitirana

A flor de jitirana é uma espécie típica da Caatinga que se destaca pelo alta capacidade de resistência às condições climáticas e poder de adaptabilidade ao ambiente.

Do tipo trepadeira, a jitirana é suculenta e com odor agradável, sendo muito aceita por animais. Também é consumida pelo homem ao usar suas folhas para chás, que acredita-se auxiliar contra dermatites e reumatismo.

É facilmente encontrada crescendo em arbustos e cercas, sendo considerada por alguns como planta daninha, podendo inclusive causar danos em áreas agrícolas.

Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa Mart)

Ipê-roxo é uma árvore que faz parte da paisagem nordestina. Ele apresenta tronco reto e fissurado, além disso suas flores se dispõem em um só ramo, formando um buquê.

As sementes são leves e facilmente disseminadas pelo vento. A madeira é pesada, dura e resistente, porém flexível, sendo muito utilizada na construção de móveis e instrumentos musicais.

Na medicina popular, as partes do ipê são utilizadas para auxiliar no combate à febre, disenteria, úlceras, reumatismo e doenças venéreas. Além disso, sua casca apresenta poder anti-inflamatório, antialérgico e cicatrizante.

Jurema branca (Piptadenia stipulacea)

A jurema branca é uma espécie popular na Caatinga e também é conhecida como carcará, jurema, rasga-beiço e saia-velha.

Endêmica da Caatinga, a jurema branca é encontrada comumente na beira das estradas, pois tem comportamento de invasor, suportando assim terrenos secos.

A madeira da jurema-branca é utilizada em pequenas construções, para a confecção de estacas e também para utilização como lenha e carvão. Na estiagem, as folhas e lascas do tronco que caem no chão se tornam alimento para os ruminantes.

Malícia (Mimosa quadrivalvis L.)

A malícia é uma espécie de herbácea muito comum na Caatinga, no Cerrado e na Mata Atlântica. Possuindo ramos e frutos cobertos por pequenos espinhos, os acúleos, a malícia é facilmente encontrada em áreas abertas.

As abelhas nativas da região são atraídas pelo pólen e néctar expelido por usas flores.

Malva branca (Sida cordifolia L)

A malva-branca é uma espécie facilmente encontrada na Caatinga, podendo também ser vista nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia.

É um tipo de arbusto que ocorre em terrenos com solo arenoso, possui flores na cor amarela e alaranjada. O pólen e néctar são um atrativo para abelhas e para a produção de mel, sendo muito utilizada em jardins de flora melífera.

Mandacaru (Cereus jamacaru)

O mandacaru é uma espécie de cacto endêmico do Brasil e muito comum em locais com climas como o da Caatinga. Seu formato lembra um candelabro e pode medir até 6 metros de altura.

É uma planta repleta de espinhos, com grande capacidade de retenção de água e muito utilizada como cerca natural. Além disso, seus frutos e sua flor servem de alimento para aves a abelhas.

Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia)

O sabiá é uma árvore nativa do Nordeste brasileiro, com registros principalmente nos estados do Piauí, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Ceará.

Podendo chegar até a 8 metros de altura, esta árvore apresenta caule com diâmetro entre 20 e 30 cm, que ramifica-se em outros pequenos caules.

Sua madeira é muito utilizada na produção de estacas para cercas e para energia, caracterizando seu potencial para uso como lenha e carvão.

Fonte: Portais TodaMatéria e (eco) (Foto Fapesp) Com informações e fotos de Juliana Diana, Professora de Biologia e Doutora em Gestão do Conhecimento

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