Nas eleições de novembro, os índios Xocós vão votar na Escola Estadual Indígena Dom José Brandão de Castro, no município sergipano de Porto da Folha, às margens do Rio São Francisco. A Justiça Eleitoral disponibiliza estrutura e pessoal para que os 294 eleitores índios da Ilha de São Pedro, onde fica a comunidade, possam votar.
“Quando chove muito, é necessário utilizar barco para atravessar o rio. Nos últimos anos, o tempo tem ajudado, e o acesso tem sido feito por terra”, diz Romário Gomes Santos. Ele é o chefe de cartório da 18ª Zona Eleitoral, com jurisdição dm Porto da Folha e Monte Alegre e a responsável por organizar a votação.
Os mesários da centésima trigésima terceira (133ª) seção eleitoral são índios Xocós, escolhidos pela experiência em pleitos passados e pela voluntariedade em trabalhar nas eleições. Aquela circunscrição é comandada pela juíza Fabiana Oliveira Bastos de Castro.
Comunidade Xokó
A comunidade Xokó é o único grupo indígena de Sergipe. Identificados pelos jesuítas no século XVI, seus habitantes tiveram suas terras tomadas, recuperando a ilha de São Pedro somente em 1979. A luta pelas terras contou com a participação ativa do então bispo de Propriá, Dom José Brandão de Castro. Em meados dos anos 90, a Funai homologou a Caiçara, anexando a Ilha de São Pedro, constituindo assim a terra indígena da etnia Xokó.
Em comemoração à sua volta à Ilha de São Pedro, os Xokó realizam todos os anos, no dia 9 de setembro, a Festa da Retomada. “Comemoramos porque foi a partir da nossa saída da Caiçara para a Ilha que começamos a conseguir a nossa liberdade. Mas isso custou caro, foram muitas noites mal dormidas, perseguições e ameaças. Antes de virmos para a ilha, éramos impedidos de dançar o Toré, cantar o Toré, de trabalhar para nós mesmo. Vivíamos como escravo. Então é a comemoração da nossa liberdade, da reconquista do nosso território”, relata o Cacique Bá.
Foto: TSE