Há quem diga que a canjica (ou munguzá), prato doce feito com milho para as comemorações juninas, tenha origem indígena; outros apontam uma tradição de influência africana, baseada no “kanzika”, um prato afro-brasileiro feito com milho verde moído, cujo nome vem de uma língua falada em Angola e Congo (o quimbundo).
Já uma outra teoria sugere que, talvez, o prato tenha inspiração na Índia, com “canja” sendo uma adaptação da palavra “kanji” (arroz com água) em malaiala, partindo de um prato que leva especiarias como o cravo indiano e a canela, também usados naquele que se tornou típico das festas juninas brasileiras.
Mas existe uma discussão muito maior do que a origem do nome do prato e suas influências: o nome oficial da iguaria. Canjica, curau ou munguzá? Eles são a mesma coisa? Há quem jure que não: eles são diferentes, e predominam em estados diferentes também.
No Nordeste, canjica pode, inclusive, envolver uma versão salgada do prato que é tipicamente feito com leite de coco (ou de vaca), açúcar, canela em pó e cravo.
Realmente pode existir uma diferença fundamental entre a canjica, o munguzá e o curau. O que eles têm em comum é que são três pratos feitos com milho e tornados cremosos.
No entanto, enquanto a canjica (que, em algumas regiões do Nordeste e do Centro-Oeste, também leva o nome “chá de burro”) costuma ser feita com milho-verde fresco, leite e açúcar, o munguzá é feito com grão de milho branco, cozido em leite de coco.
Quer dizer, canjica e curau têm a mesma base, mas o milho é diferente. O milho-verde faz canjica (ou curau), e o milho debulhado e seco faz o munguzá.
O milho do munguzá costuma ficar de molho de um dia para o outro, enquanto a canjica (ou curau) usa o milho fresco, que pode vir na latinha.
Há uma diferença, também, na forma de tratar o milho: em algumas receitas de canjica ou curau, costuma-se batê-lo no liquidificador, o que faz uma espécie de mingau de milho. Em outros casos, o milho é apenas cozido no leite, o que deixa pedacinhos e um aspecto menos denso. O munguzá costuma ser assim.
Fonte: Revista Fórum (Fotos: PMA e Wikimedia Commons)