O blindado de Emília Corrêa afronta a SSP de Fábio Mitidieri
8 de junho de 2025
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A importância da eleição para o Senado

Por Marcos Cardoso*

Depois da presidência da República, nenhuma eleição será mais importante para os destinos do país do que a do Senado. Por um aspecto legal, ditado pela Constituição Federal, Artigo 44: compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República, nos crimes de responsabilidade, além de julgar o presidente da República e os ministros de Estado, havendo conexão.

Mais do que nunca, muita gente está de olho nessa questão constitucional, principalmente a extrema direita bolsonarista, que dorme e acorda sonhando controlar o STF. Demitindo os supremos ministros que a desagradam e só aprovando os nomes que a ela interessa. Apesar de ter maioria na câmara alta, esse agrupamento mais radical hoje não dispõe dos dois terços de votos necessários para fazer valer o ditame constitucional. O objetivo na próxima eleição é conseguir essa maioria folgada.

Por isso a exortação de Lula à esquerda e à direita democrática a fazerem o maior número possível de senadores, “porque, senão, vão avacalhar com a Suprema Corte”. O PL de Jair Bolsonaro e o PT estão dispostos a abrir mão de lançar candidatos a governos estaduais para emplacar nomes competitivos ao Senado.

Em Sergipe, o enorme interesse pelo Senado também tem relação com essa contenda republicana. Claro que assuntos mais paroquiais pesam muito, como o fato de que a oposição não tem um nome para fazer frente à reeleição do governador Fábio Mitidieri (PSD) e, como dessa vez são duas vagas de senadores em disputa, é teoricamente mais fácil eleger-se para o Senado.

A informação de que o senador Rogério Carvalho (PT) voltou a integrar o campo majoritário Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente do partido, antiga Articulação, da qual faz parte o próprio presidente Lula, pode ser uma indicação do interesse superior na sua reeleição para o Senado. Dessa forma, sepulta-se de vez qualquer pretensão do ministro Márcio Macedo, líder da CNB em Sergipe, como candidato a senador? Essa possibilidade chegou a ser aventada pela própria corrente interna.

Dois capas pretas do PT, um ligado a Rogério e o outro ligado a Márcio, foram consultados sobre a informação e nada responderam. Também não desmentiram. O senador estava na Resistência Socialista, corrente ligada ao Movimento Muda PT.

Rogério Carvalho tem voto, provou isso nas eleições que disputou para deputado estadual, deputado federal, senador e até governador. Perdeu a eleição no segundo turno depois de ter vencido Mitidieri no primeiro turno, após a anulação dos votos de Valmir de Francisquinho (PL). Precisa da reeleição até para superar o vexame do PT na eleição para a Prefeitura de Aracaju, quando o partido naufragou após lançar uma candidata desconhecida do eleitor, por obra e graça dele mesmo, Rogério.

Outro pretenso candidato a senador do campo progressista, hoje militando mais no campo liberal, embora tenha uma ligação histórica com o presidente Lula, é o ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). Aparece bem colocado nas ainda incipientes pesquisas e fala-se que teria o apoio do senador Laércio Oliveira (PP), um bolsonarista de quatro costados. Recentemente, Edvaldo assistiu a uma palestra de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que busca as bençãos de Bolsonaro para ser candidato a presidente.

O delegado Alessandro Vieira (MDB), o outro senador que tenta a reeleição, não é exatamente um progressista, foi eleito em 2018 na onda bolsonarista que varreu o país, mas não veste a camisa amarela do ex-presidente já condenado e a caminho de ser preso. Hoje é do mesmo partido de Gilvan Rocha, um outsider da política eleito em 1974 e que, assim como José Eduardo Dutra (PT), em 1994, e José Almeida Lima (então PDT), em 2002, foi senador de um mandato só.

Do lado mais à direita desponta o secretário de estado no Rio de Janeiro e ex-deputado André Moura (União), o preferido do governador Mitidieri. Há muito ele vem fazendo uma pré-campanha robusta pelo interior. Comenta-se que o homem vem com a mala cheia de soluções para o estado.

Ainda nesse campo, o médico Eduardo Amorim (PSDB) sonha com a volta ao Senado, onde esteve de 2011 a 2019. Tem potencial, é bem lembrado nas pesquisas e poderia contar com o apoio da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL). Mas o partido da prefeita e de Bolsonaro tem nome próprio que também se insinua como pré-candidato: outro itabaianense e ex-prefeito Adailton Sousa, que é ungido pelo atual prefeito Valmir.

Do mesmo partido de André, brigando para ser mais bolsonarista do que ele, o deputado federal Rodrigo Valadares (PL) garante que também será candidato ao Senado. É ver para crer. A disputa promete ser boa e tomara que o resultado seja melhor para Sergipe e para o futuro do Brasil.

*Marcos Cardoso é jornalista. Autor, dentre outros livros, de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos”  (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).

marcoscardosojornalista@gmail.com

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