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Políticos são farinha do mesmo saco

Por Adiberto de Souza *

Engana-se quem pensa que os políticos, em sua grande maioria, estão interessados numa ideologia pra viver. A eles vale mais garantir a reeleição, independente de qual partido estejam. Maior prova disso foi dada agora na reta final da janela partidária, quando quem se dizia oposição virou governista de carteirinha, enquanto quem se perfilava no time da situação pulou a cerca para o lado adversário com a cara mais deslavada do mundo. Antes de defenderem bandeiras ideológicas, como prometem fazer nos inflamados discursos de campanha, os políticos preferem se juntar com quem lhe garante a manutenção no poder, facilitando suas reeleições. Portanto, é bom o eleitor acompanhar com lupa a trajetória de seus prováveis candidatos no pleito de outubro, para não comprar gato por lebre. Nunca esqueça que a maioria dos políticos é adepta do velho ditado popular: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. E o povo que se exploda. Home vôte!

Chapa puro sangue

A filiação do ex-senador Eduardo Amorim ao PL pode levar o partido a lançar uma chapa majoritária puro sangue, onde ele disputaria o Senado e o ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, o governo estadual. Há quem aposte, porém, ser mais provável que Eduardo seja candidato a senador e Valmir a deputado federal. Nunca é demais lembrar que quem manda no PL é o dublê de político e empresário Edvan Amorim, irmão do ex-senador. Ademais, uma chapa puro sangue dificilmente conseguiria apoio de outros partidos para tamanha empreitada eleitoral. Aff Maria!

Pneu furado

O senador Alessandro Vieira (PSDB) está comemorando o fato de o Tribunal de Contas da União ter mandado suspender a licitação para compra de ônibus escolares pelo governo Bolsonaro. O TCU atendeu representação feita contra a concorrência pelo tucano de Sergipe e os deputados federais Felipe Rigoni (União Brasil) e Tabata Amaral (PSB). Os três alegaram que há forte suspeita de sobrepreço na licitação organizada pelo Ministério da Educação. Segundo Alessandro, é preciso que todos cumpram seu papel legal, pois “a corrupção não tem ideologia, tem método”. Ah, bom!

A maioria decide

Sob intervenção da executiva nacional, o MDB tanto pode ir às eleições no bloco governista, quanto no time da oposição. Tudo dependerá do lado emedebista que tiver maioria na hora de homologar as candidaturas e as coligações. No momento, o ex-governador Jackson Barreto e os liderados do senador Rogério Carvalho (PT) se dizem os manda chuva da legenda. Na verdade, ditará os rumos do MDB quem tiver a maioria da comissão provisória estadual. Não é à-toa que o empresário Clóvis Silveira, aliado de Rogério, não se cansa de atrair filiados para o reduto emedebista. Portanto, se JB dormir no ponto, perde o bonde da história. Marminino!

Os três pês

Alguém sabe quantos condenados com graves problemas de saúde estão enclausurados nas desumanas penitenciárias? Taí uma informação que interessa a muitos poucos, até porque sentenciado deixa de ser visto como ser humano para ser tratado pior do que cão sem dono. Lamentavelmente, no Brasil só vai e permanece na cadeia preto, pobre e prostituta. Cruz, credo!

Dose dupla

O ex-vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado (PL), não descuida da saúde. Ontem, o homem botou o braço na seringa duas vezes para se imunizar contra a gripe e reforçar a proteção contra a covid-19. Ex-presidente do Democratas, Machadão mudou de partido após o DEM ter se fundido com o PSL para a formação do União Brasil. Também desistiu de disputar uma cadeira na Câmara Federal, devendo se candidatar a deputado estadual, cargo que já ocupou por mais de uma vez. Pelo que dizem nas esquinas de Sergipe, Machado é um forte candidato à Assembleia. Então, tá!

Política de compadrio

Enquanto não se mudar a relação de compadrio entre as prefeituras e as empresas de ônibus, a população não terá um sistema de transporte coletivo digno. É preciso, entre outras ações, exigir a permanente renovação da frota e o cumprimento dos horários. Quando isso acontecer, o povo usará mais os coletivos, aumentando o faturamento das empresas sem a necessidade de reajustar a tarifa. É nesta direção que devem funcionar os relógios dos prefeitos. O contrário disso é agir contra o povo para apadrinhar as concessionárias. Misericórdia!

Igreja e política juntas

Foi-se o tempo que padres e pastores queriam distância da política partidária. Chamavam de “coisa do diabo”. Agora, a ordem das igrejas é disputar todos os espaços de poder, principalmente no Legislativo. Segundo os religiosos, a igreja deve andar lado a lado com a política, pois “para que o mau prevaleça, basta que o bom se omita”. Também pregam que ao se afastar da política a igreja ajudou a fortalecer políticos que buscam desconstruir os valores cristãos e da família. Virgem Santa!

Contra a cultura

E o senador Rogério Carvalho (PT) ficou invocado com o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto, conhecido como Lei Paulo Gustavo, de fomento à iniciativas culturais. Segundo o petista, o capitão de pijama vetou a propositura por saber que “um povo com cultura não aposta na necropolítica, não flerta com a tortura e nem com o golpismo”. O projeto objetivava liberar R$ 3,86 bilhões aos estados, Distrito Federal e municípios visando garantir ações emergenciais para setor cultural. Lastimável esse veto bolsonarista. Desconjuro!

Conversa mole

Alguns partidos estão fazendo segredos sobre os nomes dos políticos que se filiaram durante a janela partidária. Os dirigentes dessas siglas afirmam que esse estranho silêncio visa proteger os pré-candidatos. Parece lorota de quem não conseguiu atrair nomes competitivos eleitoralmente. Ora, os partidos são os maiores interessados em divulgar as novas filiações. Segundo as línguas ferinas, algumas legendas não vão conseguir nem formar chapas proporcionais completas. Misericórdia!

Leve e solto

“Liberdade, liberdade!/ Abra as asas sobre nós/ E que a voz da igualdade/ Seja sempre a nossa voz”. Como é atual este refrão do samba enredo que embalou a Escola de Samba Imperatriz no Carnaval carioca de 1989. Só Jesus nessa nobre causa!

Recorte de jornal

 

 

 

Publicado no jornal aracajuano O Imparcial, em 5 de fevereiro de 1919.

* É editor do Portal Destaquenotícias

 

 

 

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