A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informou ao governo de Jair Bolsonaro sobre o aumento de casos de coronavírus entre trabalhadores da Petrobras e sobre a possibilidade deles reagirem com greve por melhores condições de trabalho, conforme revela reportagem do jornal Estado de S. Paulo. Para a Abin, a situação pode causar desabastecimento de gasolina, GLP e gerar “impactos negativos nas categorias de transporte autônomo e de indústrias, já muito sensíveis neste momento de crise”.
O alerta obtido pelo jornal tem cerca de 950 páginas e reúne dados de 27 de abril a 13 de maio. Os agentes informam que, em nove dias, o número de infectados dobrou, atingindo 872 em 4 de maio, a maioria no Rio de Janeiro.
Para dirigentes de sindicatos, a situação desde maio está ainda pior e pensam seriamente em organizar uma “greve sanitária” por melhores condições de trabalho. “A gente tem alertado desde março que é possível, sim, uma greve sanitária. Por conta das condições de trabalho. Está levando a um aumento de contaminação e de mortes”, disse o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) Deyvid Bacelar.
A empresa estatal, alegando sigilo médio, não divulga o número de funcionários mortos pela Covid-19 e, desde 11 de maio, reporta somente casos de empregados efetivos, sem contar os terceirizados e prestadores de serviços.
Petrobras se defende
Petrobras informou que chegou à marca de 40 mil testes para diagnóstico de Covid-19 realizados em todo o país. A companhia iniciou em abril os testes no pré-embarque para plataformas, expandiu logo em seguida para refinarias, térmicas e unidades de tratamento gás e vem ampliando rapidamente a abrangência e periodicidade de aplicação dos testes nas unidades operacionais, de acordo com a capacidade de atendimento do mercado e sempre considerando critérios técnicos e a avaliação do quadro de saúde da região.
A companhia aplica os testes padrão ouro (RT-PCR) em todos os empregados próprios e profissionais de empresas contratadas com sintomas de Covid-19, assim como as pessoas que tiveram contato regular com eles (contactantes). E realiza testes rápidos, que detectam anticorpos, para triagem de pessoas assintomáticas antes de início de atividades em áreas operacionais, como plataformas e refinarias. Com testes de triagem e testes para diagnóstico, a Petrobras já cobriu cerca de 26% do universo de cerca de 150 mil pessoas que atuam em suas unidades, sejam empregados ou colaboradores de empresas prestadoras de serviços. Em comparação a países que adotaram testes em massa, a companhia testou proporcionalmente três vezes mais que os EUA e quase o dobro que Portugal.
Fonte: Brasil 247