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Pesquisas para serem vistas em conjunto

Marcos Cardoso *

Andam dizendo por aí que a candidatura de Valadares Filho cresceu. Tem gente que viu pesquisas diferentes e calculou como se fossem coisas distintas. Não são. As três pesquisas que saíram até agora são fotografias feitas em ângulos difusos da mesma paisagem. Todas elas mostram que Edvaldo largou bem, João largou mal — como era de se esperar — e Valadares Filho decepcionou.

Vejamos os números:

INSTITUTO PERÍODO EDVALDO VALADARES JOÃO VERA EMERSON SÔNIA TARANTELLA
IBOPE 19 a 23/8 28% 15% 18% 7% 3% 4% 1%
DATAFORM 26 e 27/8 26,70% 15,14% 12,07% 5,44% 2,21% 1,02% 1,02%
DATAPLAN 26 e 27/8 28,7% 19,8% 12% 4,2% 3,3% 1,8% 0,7%
MÉDIA 19 a 27/8 27,13% 16,64% 14,02% 5,54% 2,83% 2,27% 0,90%

Comparar aferições estatísticas não é fácil e claro que a média de três pesquisas tão distintas é quase uma brincadeira matemática, mas mostra um retrato muito verossímil do que todos estamos vendo nesse início de marcha para a conquista da Prefeitura de Aracaju.

Valadares, que começou a campanha primeiro, deve ter sentido o gosto da decepção quando a TV Sergipe exibiu a pesquisa Ibope, na terça-feira, 23, apontando suas intenções de voto menores do que as dirigidas ao desgastado João. Naquela pesquisa, como vimos, deu Edvaldo com 28%, João com 18% e Valadares com 15%.

Mesmo já tendo errado, deliberada ou acidentalmente, o Ibope é um instituto sempre levado em consideração, pelo tradicionalismo e pelo reconhecimento nacional.

E o gosto amargo deve ter se acentuado quando o Ibope cravou a rejeição de João em expressivos 55%. Naquele quesito, Valadares registrou 28% de rejeição e Edvaldo, 27%. Como Dr. João pode ser tão rejeitado e ainda assim ter mais votos do que Valadares?

Isso deve ter mexido com a cabeça dos valadaristas, que se apegaram às outras pesquisas, Dataform/Cinform e Dataplan/Jornal do Dia, para negar sua rejeição. Da mesma forma que os joãozistas se agarraram àquela primeira para propagar que o prefeito largou muito bem para quem só decidiu disputar a reeleição aos 45 do segundo tempo.

A rejeição, vamos objetar, chama mais a atenção pela disparidade de informações contidas nas três pesquisas.

Vejamos agora os números da rejeição:

INSTITUTO JOÃO EDVALDO VALADARES VERA TARANTELLA EMERSON SÔNIA  
IBOPE 55% 27% 28% 20% 17% 14% 14%  
DATAFORM 39,12% 13,44% 6,12% 4,08% 1,07% 2,04% 1,02%  
DATAPLAN 50,7% 9,4% 5,6% 2,6% 2,4% 2% 1,9%  
MÉDIA 48,27% 16,61% 13,24% 8,89% 6,82% 6,01% 5,64%  

Os números do Ibope somam mais de 100% porque os pesquisadores do instituto permitiram que os entrevistados dessem mais de uma resposta. Ao contrário das outras pesquisas, onde só foi permitida uma única resposta à questão sobre rejeição.

Ainda assim, mesmo levando em conta a seriedade dos três institutos, soa estranho que a rejeição de Valadares tenha caído de 28% para 6% de uma pesquisa para a outra, num intervalo de apenas uma semana. E que a rejeição de João Tarantella tenha despencado de 17% para ínfimo 1%.

Mas vistas em conjunto as pesquisas ganham significação. Mostram que em qualquer cenário Edvaldo começou a campanha abrindo 10 pontos de dianteira para o segundo colocado, seja ele Valadares ou João. Que estes estão tecnicamente empatados, assim como Vera, Emerson, Sônia e Tarantella também estão muito próximos uns dos outros.

O mesmo ocorrendo quanto à rejeição. João não terá chance com metade do eleitorado, rejeição de 39% a 55%, o que é uma péssima notícia para ele, já que é um resultado difícil de reverter numa campanha tão curta.

Já Edvaldo e Valadares são rejeitados por mais ou menos 15% dos eleitores, normal para políticos experimentados. Os outros quatro têm pequena rejeição, como é de se esperar.

O Ibope identificou que 53% dos 602 aracajuanos entrevistados consideram ruim ou péssima a administração do prefeito João Alves. E que 70% desaprovam seu modo de governar.

A rejeição aos políticos em geral está expressa na confirmação de que mais de 60% dos eleitores pesquisados têm pouco ou nenhum interesse nas eleições. E há um volume grande de eleitores que se declaram indecisos ou que não querem votar, na soma variando de 24% a 45%.

No lado oposto da tabela, o Instituto Dataplan identificou entre os 1.226 eleitores pesquisados que Edvaldo Nogueira lidera com folga em todas as faixas etárias, seja entre os jovens como Valadares Filho ou os mais maduros como João Alves; em qualquer faixa de escolaridade, dos menos aos mais estudados; e em todos os sexos, onde aparece com mais de 30% de intenção de votos entre as mulheres.

Da mesma forma que a administração de João é um óbice à sua candidatura, o pobre portfólio de realizações que Valadares Filho tem para mostrar atrapalha seu sonho de aprovação popular.

E na comparação com os dois principais adversários Edvaldo leva vantagem: realizou uma gestão que agora é lembrada com saudade e, por isso mesmo, tem o que mostrar.

* Marcos Cardoso é jornalista, autor de “Sempre aos Domingos: Antologia de textos jornalísticos”

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