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Festas juninas celebram a fartura no campo

Os arraiás caipiras e as quadrilhas juninas são as principais atrações das festas juninas no Nordeste

Comida típica, fogueira, quadrilha e fogos de artifício são alguns dos elementos tradicionais das festas juninas que podem ser encontrados em diversas partes do país. Seja em um grande evento na cidade, uma quermesse no salão da igreja ou um arraiá da família, eles estão comumente presentes nos festejos do mês de junho, que tem raiz histórica nos rituais de celebração das colheitas. A festa milenar, no entanto, foi se transformando ao longo dos anos, mas se manteve como uma manifestação cultural da relação do homem com o campo.

“A festa junina está enraizada na cultura brasileira, que tem o alimento como um importante elemento de identidade”, aponta a historiadora Eliane Morelli Abrahão, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela destaca que muitas das quermesses, por exemplo, não estão mais associadas aos santos católicos, mas, sim, à comida. “É uma festa muito associada ao alimento, que acaba sendo o signo da memória coletiva. As comidas típicas significam essa memória coletiva do nosso povo”, disse a especialista.

O festejo tem maior expressão nas regiões Norte e Nordeste. Professora de tradições populares do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Ceará (IFCE), Lourdes Macena, aponta que as manifestações culturais assumem características próprias em cada região.

Origem

De acordo com Eliane, as comemorações juninas remontam ao século 12 e têm origem nas festas pagãs. “Esses povos da Antiguidade já acreditavam que a celebração à deusa Juno, que era considerada a protetora do casamento, do parto e da mulher, proporcionaria fartas colheitas”, apontou. A Igreja Católica, no entanto, não via com bons olhos essas festas populares e começou um processo de incorporação dos festejos, vinculando-os ao calendário litúrgico. “É o período do solstício de verão na Europa, então está muito ligado com a questão da plantação e das colheitas”, acrescentou.

No Brasil, o festejo junino está novamente associado a um processo de incorporação pela Igreja. “Os colonizadores portugueses e os padres jesuítas quando chegam aqui se deparam com as tradições indígenas de preparação do solo para o plantio que também tinham como intuito essa safra abundante. Os índios também já tinham esse costume de fazer as festas nesse período”, explica a historiadora. A festa indígena vai intercambiando para a festa cristã em torno, especialmente, da figura de São João Batista.

Diversidade

A professora Lourdes Macena explica algumas diferenças regionais dos festejos juninos. No Nordeste, por exemplo, as raízes são bem exploradas nas comidas típicas. “A batata, a macaxeira, o inhame, a gente usa muito. Comemos cozido, assado na fogueira”, exemplificou.

Há ainda diferenças de nome entre os preparos do milho, que é a base da culinária junina. A canjica no Nordeste é o curau no Sudeste. E a canjica no Sudeste é o mungunzá nos estados nordestinos. Há também a pamonha, que pode ser doce ou salgada e é facilmente encontrada em praticamente em todo o Brasil.

No Nordeste o tecido de chita está presente das vestimentas à decoração. “A gente gosta muito de coisas coloridas, então a gente usa muito fita, com cores fortes, vivas. A gente brinca muito com essa coisa do figurino, apesar de ter essa estilização, mas que não deixa de usar uma matriz estética para poder compor em cima e essa matriz vem em cima do chitão, das cores, dos quadriculados”, explicou. As crendices populares para “arrumar um marido” também fazem parte da brincadeira no estado.

Fonte e foto: Agência Brasil

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